Sporting: Em busca do tempo perdido

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Gutiérrez FRANCISCO LEONG/AFP

Nos últimos anos, qualquer candidatura do Sporting ao título de campeão nacional chumbava no teste da realidade. Com maior ou menor investimento, os “leões” partiam inevitavelmente em desvantagem face aos rivais e era de longe que assistiam à luta pelo primeiro lugar do pódio. Porém, na temporada que agora começa, o emblema de Alvalade volta a arrancar ombro a ombro com Benfica e FC Porto na longa maratona do campeonato. “Está na hora de nos assumirmos como candidatos a todos os títulos. A partir de hoje, não há dois candidatos, há três candidatos. Temos de acordar o leão adormecido”, vincou Jorge Jesus, na apresentação como novo treinador do Sporting. Não eram palavras ocas, como já começou a ver-se.

O Sporting que esta noite dá o pontapé de saída na I Liga 2015-16 frente ao estreante Tondela (20h30, SP-TV1) é radicalmente diferente da versão anterior dos “leões”. Há um novo treinador, acostumado a vencer e com um currículo recheado, e chegaram reforços com experiência e estatuto internacional, que justificam as expectativas elevadas. A aposta nos jovens da academia será mais moderada, porque em Alvalade já ninguém se contenta com o estatuto de figurante, anseia-se por ser protagonista e encerrar o jejum de campeonatos que dura desde 2001-02. A nova atitude já teve reflexo na conquista da Supertaça frente ao Benfica, nomeadamente na forma autoritária como os “leões” entraram em campo e dominaram o adversário.

A Jorge Jesus caberá a missão de recuperar o tempo perdido e fazer do Sporting um verdadeiro candidato ao título. Se vierem a confirmar-se os sinais apresentados na Supertaça, esse será um cenário real. Em poucas semanas, o técnico foi capaz de dar solidez e coesão ao conjunto “leonino”. E a tendência será para melhorar com a passagem do tempo. Nesta fase ainda prematura da temporada o Sporting é, dos três crónicos candidatos ao título, aquele que aparenta partir em melhor condição para o campeonato. Pelo que fez e pelo que os rivais não têm conseguido fazer.

A chegada de Jorge Jesus já era como um troféu para os adeptos “leoninos”, pelo agravo que representou ao rival Benfica. E começar a temporada a derrotar os “encarnados” para erguer a Supertaça só contribuiu para aumentar o optimismo que se respira em Alvalade. A pré-época foi tranquila, destacando-se o triunfo sobre a Roma (2-0) no jogo de apresentação aos sócios. Mas a maior vitória do Sporting foi mesmo resistir às tentações do mercado e conseguir manter praticamente todas as peças importantes da equipa – mesmo os mais cobiçados, como William Carvalho ou Slimani (cujo contrato foi renovado até 2020, mantendo a cláusula de rescisão de 30 milhões de euros).

O único titular a deixar Alvalade foi Cédric Soares, que rumou ao futebol inglês para representar o Southampton, num negócio que pode fazer entrar até 6,5 milhões de euros nos cofres “leoninos”. Para ocupar o lugar deixado vago por Cédric regressou João Pereira. Um perfil comum na estratégia de contratações para outros sectores da equipa: futebolistas com estatuto internacional e experiência. Tal como o português de 31 anos, assinaram pelo Sporting o italiano Alberto Aquilani (31 anos), o costa-riquenho Bryan Ruiz (completa 30 anos na próxima terça-feira) e o colombiano Teófilo Gutiérrez (30 anos). Este lote não é mais alargado porque o acordo com o ganês Kevin-Prince Boateng (28 anos) falhou devido a divergências relativas aos direitos de imagem.

Chegaram também a Alvalade o guarda-redes esloveno Azbe Jug, o defesa francês Ciani (que, segundo a imprensa desportiva, tem deixado a desejar e pode mesmo partir), o defesa brasileiro Naldo, e o médio brasileiro Bruno Paulista. Também fazem parte do plantel os jovens Ricardo Esgaio (que esteve emprestado à Académica) e Gelson Martins (que representou a equipa B em 2014-15).

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