FC Porto: Aposta forte para não voltar a ficar a ver navios

FC Porto atravessa um raro período de seca de troféus.

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Casillas FRANCISCO LEONG/AFP

É um atestado de competência ao trajecto do FC Porto nas últimas décadas, mas também um sinal de alarme para o ciclo actual: pela primeira vez desde o final de 1983, o clube portuense atravessa um período de jejum de troféus no seu futebol sénior superior a dois anos. Depois de uma temporada decepcionante, com aposta máxima e nenhum retorno, a margem de erro é cada vez menor para Julen Lopetegui e a sua equipa. O triunfo no campeonato é o grande objectivo para os portistas, cujos adeptos, face ao investimento realizado, partem para a nova época com enorme expectativa.

Com Pinto da Costa no cargo de presidente, os “azuis e brancos” só ficaram três épocas em branco, sem conquistar qualquer título: 1982-83, a primeira completa do dirigente como líder da organização, 2001-02 e a anterior à vigente. Para minimizar o risco, tal como na época anterior, a direcção do clube voltou a investir fortemente para recuperar o título e terminar uma seca de êxitos que dura desde 10 de Agosto de 2013, quando, ainda com Paulo Fonseca, ganhou a Supertaça Cândido de Oliveira.

O FC Porto mudou muito no plantel, mas continua, de certa forma, igual no estilo Os jogos de pré-época são enganadores para tirar conclusões, mas percebeu-se que o único dos três grandes que não alterou o treinador mantém, à partida, a forma de jogar, ainda que com jogadores diferentes. Essa é a grande dúvida: o plantel é muito rico, tem condições e potencial para vencer, mas escapará a repetir os erros do passado? Os encontros particulares, contra oponentes maioritariamente exigentes, mostraram um FC Porto novamente com dificuldade em entrar na área do adversário, problema que Lopetegui acredita que se resolverá.

O espanhol, que voltou a ter meios para construir um plantel à sua medida e que foi reforçado em sectores essenciais, sublinha que metade do “onze” foi alterado, mas não se pode queixar do que recebeu em troca.

Dos elementos mais utilizados na época anterior, saíram Danilo e Jackson Martínez, vendas inevitáveis, mais Fabiano, Casemiro e Óliver. O espanhol e o colombiano são os mais difíceis de substituir. Quaresma, uma estrela do clube, foi outro elemento que saiu do Dragão, neste caso, tal como no do guarda-redes, porque não estaria nas primeiras escolhas de Lopetegui. Mesmo sem ser servido na perfeição, Jackson foi um seguro de vida nas últimas três épocas, nas quais foi sempre o melhor marcador da Liga, e os responsáveis portistas esperam que Aboubakar e Osvaldo o substituam com eficácia.

Iker Casillas foi um golpe desportivo e mediático, que veio dar outra visibilidade ao clube e ao futebol português, mas cuja contratação Lopetegui, decisivo na sua vinda, espera essencialmente que se transforme em pontos ganhos. Maxi Pereira, ex-símbolo do Benfica, é um substituto à altura de Danilo.

Mas o sector em que a equipa foi mais reforçada foi o do meio-campo, no qual agora há mais soluções válidas. Imbula foi a contratação mais cara de sempre dos “dragões” (20 milhões de euros) e já se percebeu ter muita qualidade, apesar de ter tido uma pré-época a meio gás devido a lesões. Danilo Pereira e André André ganharam estatuto nas últimas semanas e têm condições para serem jogadores importantes, enquanto a qualidade de Sérgio Oliveira poderá sofrer com a sobrelotação num sector em que continuam Rúben Neves, Herrera e Evandro. Quintero, por outro lado, é uma carta fora do baralho.

Os regressados Cissokho e Varela, que reforçam a qualidade do plantel, devem ter oportunidade de jogar com frequência e o mesmo deve acontecer com Bueno, autor de 17 golos na liga espanhola 2014-15.

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