Técnicos de ambulâncias avisam que emergência do INEM está “em colapso”

INEM diz que estão em vias de contratar mais pessoal e que sempre houve recurso a horas extra.

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Sindicato de técnicos de ambulância diz que estes estão sobrecarregados Paulo Pimenta

“O Serviço de Ambulâncias de Emergência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (para onde são encaminhadas as chamadas de saúde do 112) estão em colapso por falta de profissionais”, diz em comunicado o Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE), que ameaça fazer greve às horas extra. O INEM responde que não há quaisquer problemas "de operacionalidade" e que estão em vias de contratar mais técnicos.

O sindicato diz que faltam cerca de 70 Técnicos Operadores de Telecomunicações de Emergência no Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) e 90 Técnicos de Ambulância de Emergência, o que terá levado a que, no mês de Setembro, tenham ficado por preencher cerca de 1650 turnos, lê-se no comunicado.

O STAE, que representa 85% dos funcionários do organismo público, defende que a situação obriga “à sobrecarga de turnos extras que neste momento estão ‘obrigados’ a efectuar por falta de pessoal, traduzindo-se num aumento exponencial de baixas médicas e acidentes de trabalho”, levando a que haja técnicos a fazer 200 a 300 quilómetros para assegurarem esses turnos extras. Segundo dados disponíveis no site do INEM fazem parte do pessoal (em 2012) 961 técnicos de ambulância de emergência e 31 Auxiliares de Telecomunicações de Emergência.

Num esclarecimento enviado por email, o INEM responde  que “as estratégias sindicais” não podem justificar “a criação de alarme social, para que sejam atingidos objectivos de crescimento de uma determinada classe profissional”. Refuta as alegações do STAE, dizendo que “o recurso a horas extra para preenchimento de escalas é uma situação que faz parte da dinâmica da instituição", nomeadamente nos meses em que que a maioria dos profissionais faz férias, Julho, Agosto e Setembro. “Tal não coloca em causa a operacionalidade.”

No CODU, o sindicato diz que, ao assumirem este excesso de turnos extras, “os operadores de telecomunicações estão a entrar em burnout (estado de exaustão) que se pode traduzir numa consequente diminuição da qualidade do serviço”. O serviço funciona 24 horas por dia e é aqui que é feita a triagem e envio de meios de socorro. “A falta de técnicos é tão grave que muitas vezes é impossível ou muito demorado o contacto por parte das próprias equipas do INEM e dos bombeiros, nomeadamente para pedir apoio nas situações mais graves”, dizem ainda.

O comunicado informa que já foi reduzido o número de meios de socorro e dá exemplos: na cidade do Porto, “uma Ambulância de Emergência Médica viu o seu horário reduzido desde o mês de Agosto em oito horas diárias numa das zonas com maior índice de saída por habitante, o que se traduz em menos 240 horas mensais de socorro que deixam de estar disponíveis à população".

Caso esta situação não seja alterada, o STAE diz que irá avançar com um pré-aviso de greve às horas extras, “para evitar que situações mais graves possam acontecer”.

O INEM informa que estão neste momento a decorrer concursos para a contratação de novos profissionais para os CODU, e que “foi feito pedido de contratação de 85 novos Técnicos de Emergência para as ambulâncias do Instituto, que aguarda decisão superior, mas que tem cabimentação orçamental no orçamento da instituição”.

Por fim, acrescenta "que numa rede de meios de mais de 400 ambulâncias, 42 viaturas médicas, oito motas de emergência e cinco helicópteros, é frequente e habitual serem efectuadas alterações aos horários de funcionamento de alguns desses meios. Não há registo de alterações significativas nos padrões de acidentes em serviço", lê-se no esclarecimento.

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