Alisuper, o supermercado das férias, está de volta às praias algarvias

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Apesar de não ser obrigado a isso, o empresário de Lamego quer reintegrar os antigos empregados Foto: Alexandre Afonso/Arquivo

A cadeia de supermercados Alisuper reabriu as duas primeiras lojas, no Vale do Lobo e Quinta do Lago, prevendo que, antes do Verão, mais de meia centena de estabelecimentos do comércio de proximidade volte à actividade. Os antigos trabalhadores, apesar do plano de insolvência não obrigar, vão ser reintegrados. A aquisição acabou agora por ser concretizada pelo grupo Nogueira, de Lamego. As tentativas para salvar a empresa, sem êxito, arrastavam-se há cerca de três anos.

O empresário José Nogueira, também proprietário de duas empresas em Espanha no ramo das hortaliças, frutas e carnes, estreia-se na área das mercearias, no Algarve. "Eu sou um bocado aventureiro, mas acho que isto [a aquisição] não é uma aventura", afirmou anteontem, durante a cerimónia de inauguração da primeira loja no Vale do Lobo. A compra das 26 lojas, propriedade da Alisuper, representou um investimento directo de 16 milhões de euros, correspondendo a 20% da dívida do grupo que ascendia aos 80 milhões. O plano de relançamento da empresa, acordado com os credores, prevê que esse montante seja pago num prazo de 13 anos, com juros à taxa zero. Por outro lado, o novo proprietário assumiu ainda o pagamento de uma dívida de 1,4 milhões, contraída pelos trabalhadores, a título individual, ao BPN, sugerida pela antiga administração como forma de salvarem os postos de trabalho. No total, o negócio envolveu 26 milhões de euros, disse o novo proprietário.

Manter a marca

O grupo Alicoop dispunha de uma rede de mais de meia centena de lojas, localizadas fora dos grandes centros urbanos e próximo das zonas balneares. A compra pelo empresário de Lamego incluiu 26 lojas e dois armazéns. Os restantes estabelecimentos eram explorados pelos proprietários em regime de franchising. José Nogueira revelou a intenção de vir a reatar negociações para que a marca se mantenha, não apenas nas lojas do grupo mas nas 57 lojas que anteriormente funcionaram integradas nesta cadeia regional de pequenos estabelecimentos.

O novo proprietário manifestou também a disponibilidade de voltar a contratar os 370 trabalhadores desempregados. "Não estava obrigado no plano da insolvência a ficar com os trabalhadores, mas eles, mais do que ninguém, merecem estar aqui - lutaram durante anos e sofreram na pele os problemas." A marca mantém-se, mas o logótipo muda.

O ministro Álvaro Santos Pereira, presente, assim como dois dos seus secretários de Estado, na inauguração da primeira loja, destacou o exemplo deste empresário "no combate à principal chaga: o desemprego". O Algarve é a região que regista a maior percentagem da taxa de desemprego, com o índice de criminalidade também a subir, não apenas nas zonas turísticas como também no interior da região.

O presidente da Câmara de Loulé, Seruca Emídio, destacou a iniciativa empresarial em contraciclo: "É uma lufada de ar fresco", comentou, lembrando a coincidência de as duas primeiras lojas do grupo a reabrir se situarem nas zonas de turismo destinadas a clientes com maior poder de compra - Vale do Lobo e Quinta do Lago.

O desemprego e a insegurança são as duas principais preocupações manifestadas por autarcas e sindicatos - questões para as quais têm vindo a reclamar medidas "urgentes" e integradas. No mesmo sentido, o deputado social-democrata Mendes Bota entregou ao ministro da Economia um memorando, alertando para a "dramática situação" do sector das obras públicas, que corre o risco de abrir "falência total nos próximos quatro meses".

Luta laboral com final feliz

A reabertura das lojas Alisuper foi a "boa notícia que se esperava", disse a representante dos trabalhadores, Sónia Correia, lembrando que o desfecho representa dois anos e meio de luta pela manutenção dos postos de trabalho. Os estabelecimentos encerraram em Março de 2010.

Quando os credores cortaram o fornecimento, a administração da empresa pediu às cerca de três centenas de trabalhadores para que contraíssem empréstimos ao BPN, em nome individual, para salvar a empresa. Acabaram por perder o emprego e ficaram com os encargos financeiros para liquidar. "Sofreram, sofreram muito", reconheceu o novo proprietário, que se prontificou a pagar a dívida e a voltar a dar- -lhes emprego.

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