O que disse Zelensky em Portugal e nos outros países da Europa? Veja o mapa

O Presidente da Ucrânia escolheu o 25 de Abril para ligar a história portuguesa à batalha que os ucranianos travam frente à Rússia. Num discurso em que escolheu descrever os horrores da guerra com mais detalhe do que tem sido habitual, Zelensky agradeceu o apoio português e terminou o discurso com “saudade”.


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O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursou por videoconferência esta quinta-feira na Assembleia da República, numa audição em que também estiveram presentes o Chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, e ministros do Governo.

Zelensky começou a intervenção com denúncias de crimes de guerra russos, relatando acontecimentos dos últimos dias. Ao contrário do que fez nas intervenções em órgãos legislativos de outros países, não se conteve nas descrições daquilo que os ucranianos têm encontrado e sofrido no terreno. Numa altura em que a guerra se trava sobretudo no Donbass, onde a Rússia iniciou há dias uma nova ofensiva, as descrições mais fortes serviram como lançamento para o pedido de armamento pesado, que Zelensky tem repetido nas comunicações diárias, para que a Ucrânia possa repelir as investidas russas.

“Os ocupantes mataram só para se divertir, torturaram, violaram, mataram aquelas pessoas e dispararam no meio dos carros onde havia crianças.”

A primeira aproximação à realidade portuguesa foi feita com uma referência à cidade do Porto, que o líder ucraniano utilizou para sublinhar o número de ucranianos que diz terem sido sequestrados pelos russos.

“Estamos a lutar não apenas pela nossa independência, mas pela nossa sobrevivência. Os russos já sequestraram mais de 500 mil pessoas, duas vezes a cidade do Porto, que foram deportadas para as regiões mais longínquas da Rússia, em campos remotos, alguns são mortos, raparigas são violadas, mortas.”

Mais à frente, falou de Lisboa, que comparou à dimensão de Mariupol, destruída por constantes bombardeamentos russos.

Veja o discurso de Volodimir Zelenskii na íntegra

“A cidade de Mariupol é tão grande quanto Lisboa. Ficava perto do mar e está totalmente destruída. Em Mariupol não há uma única habitação que esteja inteira, foi totalmente incendiada. Durante mais de um mês, os ocupantes russos cercaram esta cidade e fizeram dela um inferno. Muitas pessoas ficaram sem água, sem alimentação”.

O 25 de Abril foi o momento da história de Portugal que Zelensky escolheu referir no discurso, alinhando as aspirações ucranianas de combate pela liberdade à Revolução de 1974.

“O vosso povo que, daqui a nada, celebra o aniversário da Revolução dos Cravos que também vos libertou da ditadura, sabe perfeitamente o que estamos a sentir. Vocês sabem o que outros povos estão a sentir, especialmente na nossa região – onde havia liberdade.”

O líder ucraniano apelou ao apoio de Portugal nas várias vertentes, desde o armamento à ajuda humanitária, passando pela diplomacia, agradecendo todo o auxílio que Portugal tem dado aos ucranianos. Pediu também que Portugal tivesse uma voz activa junto dos restantes países de língua portuguesa na procura pelo apoio internacional à Ucrânia.

Nos momentos finais da intervenção, Zelensky pediu também o apoio português na candidatura ucraniana à União Europeia, reforçando os valores em comum entre Portugal e a Ucrânia – e terminou o discurso com a palavra “saudade”.

“Os nossos povos compreendem-se muito bem (...) Vocês estão no ponto mais oeste e nós no mais a leste [da Europa]. Contudo, as nossas visões são iguais e sabemos que regras devem existir na Europa, de uma ponta à outra. As regras, os direitos e os valores devem ser iguais, sem ditadura, de forma que qualquer possa pessoa ter o seu tempo para felicidade e para saudade.”