China é o quinto maior investidor directo estrangeiro em Portugal

Uma fatia de 72% do investimento chinês chega a Portugal de forma indirecta. Novos cálculos do Banco de Portugal tiram Países Baixos e Luxemburgo do top cinco.

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Xi Jinping esteve em Portugal no final de 2018 rui gaudencio

O ranking do investimento directo estrangeiro (IDE) no território nacional mudou por completo com os novos cálculos do Banco de Portugal, que analisam agora o investidor final e não apenas o investidor imediato. Se até aqui a China estava na nona posição, com 2923 milhões de euros de IDE na realidade situa-se no quinto lugar, em termos de stock, com 10.611 mil milhões de euros (6,8% do total de IDE).

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O ranking do investimento directo estrangeiro (IDE) no território nacional mudou por completo com os novos cálculos do Banco de Portugal, que analisam agora o investidor final e não apenas o investidor imediato. Se até aqui a China estava na nona posição, com 2923 milhões de euros de IDE na realidade situa-se no quinto lugar, em termos de stock, com 10.611 mil milhões de euros (6,8% do total de IDE).

Segundo os dados do banco central, 72% do investimento chinês chega a Portugal por outras vias, com destaque para o Luxemburgo (41%) e para Hong-Kong (22%), numa ramificação que chega a abranger Angola (por onde chegou 2% do IDE da China em Portugal). “As novas estatísticas de posições de investimento directo por investidor final”, explica o Banco de Portugal, “permitem identificar a origem do investimento, ou seja, o país da contraparte final ou o investidor final e, deste modo, reconhecer em que país reside quem, em última análise, detém ou controla o investimento, usufrui do rendimento e assume o risco”.

A Espanha mantém-se na primeira posição em termos de IDE, embora com uma dimensão mais reduzida, com 23.649 milhões de euros em IDE (-29%, já que alguns investimentos eram na realidade de outros países), passando a segunda posição a ser assumida por Portugal, com 23.497 milhões através do que se apelida de “round tripping”, isto é, dinheiro que é canalizado para outro país e que depois reentra no território nacional, nomeadamente por razões de planeamento fiscal.

De acordo com o Banco de Portugal, este fenómeno, em que o investidor coincide com o país de investimento, “estava associado à passagem do investimento com origem e destino em Portugal por entidades intermediárias residentes nos Países Baixos e no Luxemburgo (59% e 17%, respectivamente)”.

Com esta nova forma de analisar os dados, os Países Baixos e o Luxemburgo, que ocupavam a 2ª e a 3ª posição, respectivamente, passam para a 6ª e para a 10ª posição (no caso dos Países Baixos, o IDE cai 73%, para 8660 milhões). As novas estatísticas, conforme descreve o banco central, “indicam que os investimentos provenientes dos Países Baixos e do Luxemburgo têm, maioritariamente, origem noutros países”.

“Em 2021, Espanha era o país de residência dos detentores finais com maiores posições de investimento directo em Portugal. Seguiam-se Portugal, França, Reino Unido e China”, explica o Banco de Portugal. Antes da nova metodologia, o top cinco era composto por Espanha, Países Baixos, Luxemburgo, França e Reino Unido. Se a China é o país que mais sobe em termos de IDE, os EUA, embora não estejam no top 5, também crescem de forma acentuada, passando da 12ª posição para a 8ª. Em paralelo, França, Reino Unido, Alemanha, Brasil e Angola reforçam o seu valor de IDE.

No caso de França, 34% do IDE vinha por outros países, com realce para os 28% do Luxemburgo, enquanto o Reino Unido se destaca por liderar o IDE na indústria transformadora, com 31% do total. Já Espanha lidera na construção, com 20% do total (seguida de perto pelo Brasil com 15%), cabendo à China o domínio no sector da electricidade, gás e água, com 38%. Aqui, destaca-se o investimento da EDP, na qual a CTG detém 20,2%, e na REN, onde a State Grid controla 25%. Em ambas as situações, as empresas estatais chinesas são o maior accionista.