Em dez anos, dadores de sangue diminuíram 30%

Reservas estão estáveis. Instituto Português do Sangue e da Transplantação quer fidelizar dadores que abandonam a dádiva depois de algum tempo.

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As dádivas têm vindo a diminuir, uma situação que o IPST quer inverter ADRIANO MIRANDA

O número de dadores de sangue no país diminuiu em 30% entre 2011 e 2020. A situação não é crítica, uma vez que as necessidades também têm vindo a diminuir, e as reservas de sangue encontram-se estáveis, mas os dados não deixam de ser preocupantes e o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) quer encontrar estratégias para fidelizar os que estão disponíveis para doar.

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O número de dadores de sangue no país diminuiu em 30% entre 2011 e 2020. A situação não é crítica, uma vez que as necessidades também têm vindo a diminuir, e as reservas de sangue encontram-se estáveis, mas os dados não deixam de ser preocupantes e o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) quer encontrar estratégias para fidelizar os que estão disponíveis para doar.

Os números fazem a manchete deste domingo do Jornal de Notícias e estão patentes no último Relatório de Actividade Transfusional e Sistema Português de Hemovigilância. Segundo o diário, entre 2011 e 2020 houve menos 82.558 dadores de sangue, com a faixa etária entre os 25 e os 44 anos a ser aquela que menos se mantém fiel a este acto de generosidade, ou seja, continuar a doar de forma sistemática depois de uma primeira experiência.

Os números revelados pelo JN mostram mesmo que o número de dadores tem vindo a cair, consistentemente, desde 2011, o ano, dos dez analisados, em que houve mais dadores e dádivas, respectivamente, 271.159 e 410.889. E os que doam pela primeira vez também são cada vez menos, a julgar pelos dados referentes apenas aos três centros de recolha do IPST, em Lisboa, Porto e Coimbra: de 30.660 em 2016, desceram para 24.391 no ano passado.

Os números de 2021 contrariam a tendência que se verificara no ano anterior, quando o número de primeiros dadores cresceu 7,6%, em relação a 2020. Uma situação que poderá ser explicada, pelo menos em parte, pelos apelos à dádiva que foram feitos durante o período de pandemia.

Outro sinal positivo, neste Dia Nacional do Dador de Sangue, é o facto de, entre 2019 e 2021, ter crescido o número de dadores na faixa etária entre os 18 e os 24 anos. Mais um dado a dar conta que os apelos públicos à dádiva, normalmente, funcionam O segredo que o IPST irá agora tentar desvendar é como incentivar os dadores a não desistirem da dádiva.

Em geral, os homens podem apresentar-se para a doação de sangue quatro vezes por ano e as mulheres três. Além dos três centros do IPST no país, as dádivas podem ser realizadas em hospitais. Nesta área, o Centro Hospitalar de S. João, no Porto, é aquele, em todo o país, que recolhe mais sangue. Em 2021, o São João recolheu 18.402 dádivas de 11.233 dadores. Já os centros do IPST tiveram acesso a 166.102 dádivas, cerca de 60% do sangue recolhido em todo o país.

Para ser dador de sangue, tem de ter entre 18 e 65 anos (o limite de idade para a primeira dádiva é os 60 anos), ter peso igual ou superior a 50 quilos e ter hábitos de vida saudáveis.