Poeiras de África fizeram temperaturas máximas descer cinco graus

“Densa camada de nuvens” explica redução da temperatura em alguns locais de Portugal continental. Poeiras do Sara podem continuar a reduzir qualidade do ar até sábado.

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As poeiras do deserto do Sara que têm turvado o céu levaram a uma descida de cinco graus das temperaturas máximas em alguns locais de Portugal continental, revelou o Instituto Português do Mar e da Meteorologia (IPMA) esta quinta-feira.

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As poeiras do deserto do Sara que têm turvado o céu levaram a uma descida de cinco graus das temperaturas máximas em alguns locais de Portugal continental, revelou o Instituto Português do Mar e da Meteorologia (IPMA) esta quinta-feira.

O fenómeno, que dura desde terça-feira e poderá continuar até sábado, tem origem em tempestades de areia no Norte de África, provocadas pelo vento forte à superfície associado à depressão Célia, detalha o IPMA.

Uma análise preliminar ao episódio de poeiras do Sara permitiu identificar que “a existência de uma elevada concentração de poeiras nos níveis médios e altos da atmosfera (correspondendo a uma maior disponibilidade de núcleos de condensação) deu origem à formação de uma densa camada de nuvens que de outro modo não se teria formado e que, por esse motivo, não foi bem prevista pelos modelos numéricos de previsão do tempo”.

Essa camada levou a uma redução da radiação solar que atingiu a superfície. Por isso, “os valores da temperatura do ar, em particular da temperatura máxima, foram inferiores aos valores previstos, com as diferenças a atingirem cerca de 5°C em alguns locais”.

A análise preliminar do IPMA “sugere que a elevada concentração de poeiras do deserto junto à superfície está relacionada com o padrão da circulação atmosférica associada à depressão Célia, que permitiu transportar as poeiras em níveis baixos da atmosfera desde a região da Argélia até à Península Ibérica, contornando o sistema montanhoso do Atlas pelo seu bordo oriental.”

“É frequente a Península Ibérica ser afectada por tempestades de areia que se formam na região de Marrocos a sul do Atlas. Nestes casos, o transporte das poeiras ocorre ou pelo bordo ocidental do Atlas, através de uma circulação sobre o oceano Atlântico, ou através de um fluxo para norte sobre o Atlas, em que as poeiras são projectadas para níveis mais elevados da atmosfera. Em qualquer destes casos as concentrações próximo da superfície tendem a ser inferiores ao caso actual”, refere.

A concentração de poeiras sobre a Península Ibérica “deverá diminuir gradualmente”, diz o IPMA, que não exclui, porém, “a probabilidade de poder continuar a afectar o estado do tempo até dia 19, podendo persistir a formação de uma camada de nuvens altas, a dissipar-se lentamente, condicionando a temperatura observada à superfície”.

A Direcção-Geral da Saúde recomendou à população que evite esforços prolongados e limite actividade física ao ar livre.