Produtores das Beiras e Serra da Estrela vendem animais por falta de alimento

A Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela teme o pior. Há já empresários obrigados a vender os próprios animais e prevê-se uma diminuição do efectivo na zona, o que pode colocar em risco a produção de leite e queijo.

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LUSA/FRANCISCO PINTO

O presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE) alertou esta quinta-feira para o facto de a seca estar a afectar a actividade agro-pecuária, sendo que alguns produtores estão a vender os animais, sobretudo ovelhas, por falta de alimento.

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O presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE) alertou esta quinta-feira para o facto de a seca estar a afectar a actividade agro-pecuária, sendo que alguns produtores estão a vender os animais, sobretudo ovelhas, por falta de alimento.

“A situação que estamos a passar neste momento, com a falta de chuva, já nos coloca questões muito relevantes, nomeadamente na falta de alimento, pasto, para os animais”, afirma Luís Tadeu.

Segundo o presidente da CIM-BSE, a alternativa é alimentar o gado com rações, mas, devido aos custos, os jovens empresários e os pequenos empresários agrícolas da região “começam a ter dificuldades”. Acrescenta: “Tenho conhecimento de que já há algumas situações em que esses pequenos empresários, pelas dificuldades e por não terem meios para, de outra forma, alimentarem os próprios animais com rações ou outros [alimentos], estão a optar por vender os animais”.

Perante a situação, Luís Tadeu prevê que “vai haver, certamente, uma diminuição do efectivo de animais”, nomeadamente ovinos para produção de leite, o que na zona da CIM-BSE “tem relevância”, desde logo, pela produção de “um produto de fama mundial”, que é o queijo da Serra da Estrela DOP (Denominação de Origem Protegida).

Consequentemente, a redução do número de ovelhas “pode traduzir-se numa diminuição da produção de queijo”, já que, dos animais vendidos, “uns serão para continuar a produzir ainda leite, outros poderão ser para abate, o que vai traduzir-se numa redução do efectivo” e “uma perda para o território”.

Luís Tadeu, que é também o presidente da Câmara de Gouveia, refere que a situação relatada está a acontecer no seu concelho. “Não conheço [que ocorra] noutros, mas depreendo que, se no meu está a acontecer, é muito provável que também esteja a acontecer noutros concelhos do território da Comunidade Intermunicipal”.

Para o presidente há necessidade de serem aplicadas medidas de apoio directo aos agricultores da região, enquanto não se verifica a reposição dos níveis de água: “Torna-se necessário um apoio financeiro directo aos agricultores para que possam manter os seus efectivos, agora alimentados por rações, para fazer face ao custo elevado das rações e ao aumento que elas têm vindo a sofrer”, defende.

De acordo com o presidente, a CIM-BSE, juntamente com as associações de agricultores do território, irá alertar o Governo “para a necessidade efectiva” de uma “medida urgente” de apoio aos agricultores. Até porque teme que a seca possibilite o aparecimento de grandes fogos florestais, “o que é sempre um problema” para o território.