Governo polaco admite ter software de espionagem Pegasus, mas nega uso contra oposição

“Seria mau se os serviços polacos não tivessem este tipo de ferramenta”, argumentou Jaroslaw Kaczynski, presidente do partido Lei e Justiça (PiS).

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Jaroslaw Kaczynski, presidente do partido Lei e Justiça (PiS) Kacper Pempel/Reuters

O líder do partido nacionalista e vice-primeiro-ministro da Polónia admitiu esta sexta-feira que o país comprou o software de espionagem israelita Pegasus, mas rejeitou acusações de que o utilizava contra a oposição política.

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O líder do partido nacionalista e vice-primeiro-ministro da Polónia admitiu esta sexta-feira que o país comprou o software de espionagem israelita Pegasus, mas rejeitou acusações de que o utilizava contra a oposição política.

As acusações sobre a utilização do Pegasus abalaram a Polónia nas últimas semanas, um escândalo que suscitou comparações com a investigação Watergate, que levou à demissão do presidente norte-americano Richard Nixon, em 1974.

Uma vez instalado num telemóvel, o Pegasus pode aceder às mensagens e dados do utilizador, mas também activar o dispositivo remotamente para capturar som ou imagem.

“Seria mau se os serviços polacos não tivessem este tipo de ferramenta”, argumentou Jaroslaw Kaczynski, presidente do partido Lei e Justiça (PiS) e também vice-primeiro-ministro, ao semanário Sieci.

Questionado sobre as acusações de que o governo tinha utilizado o programa para espiar a oposição, Kaczynski disse que o mesmo era “utilizado pelos serviços contra a criminalidade e a corrupção em muitos países”.

Na entrevista, a ser publicada na íntegra na segunda-feira, salientou que quaisquer utilizações de tais métodos estavam “sempre sob o controlo de um tribunal e do Ministério Público”, rejeitando também as acusações da oposição, qualificando-as como “muito barulho por nada”.

O Citizen Lab, um laboratório de monitorização de cibersegurança com sede no Canadá, confirmou a utilização do Pegasus contra três pessoas na Polónia, incluindo Krzysztof Brejza, um senador do principal partido da oposição (Plataforma Cívica), enquanto coordenava a sua campanha nas eleições parlamentares de 2019.

Jonh Scott-Railton, investigador principal do Citizen Lab, disse à France-Press que as utilizações detectadas do Pegasus eram apenas “a ponta do iceberg” e que o seu uso indicava “uma viragem autoritária” na Polónia.

Segundo Brejza, o acesso indevido ao seu telefone influenciou o resultado da eleição, que foi ganha pelo PiS.

No entanto, Kaczynski rejeitou as acusações e disse que a oposição “perdeu porque perdeu”.

“Nenhum Pegasus, nenhum serviço, nenhuma informação obtida secretamente desempenhou qualquer tipo de papel na campanha eleitoral de 2019”, afirmou.

A proprietária israelita da Pegasus disse que o programa só foi vendido a “agências legítimas de aplicação da lei que utilizam estes sistemas como parte de mandatos para combater criminosos, terroristas e corrupção”.