Taxa de inflação ultrapassa 2% pela primeira vez desde 2012

O Índice de Preços no Consumidor registou uma variação de 2,58% em Novembro, face ao mesmo mês do ano passado. É preciso recuar a Outubro de 2012 para encontrar uma taxa de variação da inflação superior a 2%.

Foto
A tendência de subida dos preços foi transversal a praticamente todas as classes de produtos e serviços daniel rocha

A taxa de inflação voltou a acelerar e aproximou-se dos 2,6% em Novembro, prolongando a tendência verificada já desde o Verão e ultrapassando, pela primeira vez desde 2012, a barreira dos 2%. Os dados foram divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que confirma, assim, o valor da estimativa rápida já publicada a 30 de Novembro.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A taxa de inflação voltou a acelerar e aproximou-se dos 2,6% em Novembro, prolongando a tendência verificada já desde o Verão e ultrapassando, pela primeira vez desde 2012, a barreira dos 2%. Os dados foram divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que confirma, assim, o valor da estimativa rápida já publicada a 30 de Novembro.

Segundo os dados do INE, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou uma variação de 2,58% em Novembro, face ao mesmo mês do ano passado, verificando-se ainda uma variação mensal de 0,4%. É preciso recuar a Outubro de 2012 para encontrar uma taxa de variação da inflação superior a 2% – nessa altura, o IPC registava um crescimento homólogo de 2,13%.

Feitas as contas, a variação média do IPC nos últimos doze meses fixou-se em 1% em Novembro de 2021, um valor que baixa para 0,6% se retirados os produtos alimentares não transformados e energéticos.

A tendência de subida dos preços foi transversal a praticamente todas as classes de produtos e serviços analisadas pelo INE, à excepção do vestuário e calçado, que registou uma queda de 0,15% em Novembro, em relação ao mesmo mês do ano passado. Os transportes e a habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis registaram os maiores aumentos, de 8,8% e 3,2%, respectivamente.

Mesmo excluindo do IPC as classes com os aumentos mais acentuados, verificar-se-ia uma subida acelerada. Excluindo os produtos energéticos, por exemplo, a taxa de variação da inflação seria de 1,6% em Novembro. Isto num mês em que o índice de preços dos produtos energéticos aumentou mais de 14% em relação ao ano passado.

Rendas sobem quase 2%

A acompanhar o aumento generalizado dos preços, também na habitação se verificou esta tendência. Em Novembro, as rendas de habitação por metro quadrado registaram uma variação homóloga de 1,9%, valor idêntico ao que tinha sido observado no mês anterior.

O aumento das rendas observou-se em todas as regiões do país, com a Área Metropolitana de Lisboa e a Madeira a registarem as maiores subidas, de 2,1% em ambos os casos.

Já em termos mensais, o valor médio das rendas de habitação por metro quadrado aumentou 0,2%, valor igualmente idêntico ao do mês anterior. Também aqui, não houve qualquer variação negativa nas regiões analisadas pelo INE.

Portugal abaixo da média europeia

Apesar da nova aceleração da taxa de inflação em Novembro, Portugal regista um crescimento inferior àquele que tem sido verificado na Zona Euro, uma diferença que o INE justifica, sobretudo, com “algumas especificidades relacionadas com os produtos energéticos e o turismo”.

“Os aumentos nos preços dos combustíveis e da electricidade verificados nos últimos meses têm tido impactos muitos distintos entre os países da União Europeia. Em relação aos combustíveis, o impacto dos aumentos do preço antes de impostos é diluído em função do peso dos impostos em cada país. Assim, um mesmo aumento do preço de base terá menor impacto relativo nos países com maior carga fiscal sobre os combustíveis, e vice-versa. Em Novembro, os combustíveis contribuíram em cerca de 0,9 pontos percentuais par a taxa de variação homóloga total do IHPC em Portugal (0,8 pontos percentuais em Outubro)”, detalha o INE.

Já em relação à electricidade, acrescenta, “a formação dos preços no mercado retalhista português é definida, geralmente, em contratos anuais, actualizados em Janeiro de cada ano e, por isso, menos sensíveis a alterações infra-anuais dos preços da energia nos mercados grossista”. A isto acresce o facto de os preços finais da energia incluírem “um conjunto de custos determinados anualmente pela ERSE, tendo por consequência um menor peso do custo da energia no preço final aplicado aos consumidores”.