Emissões dos mais ricos colocam em risco as metas climáticas

Estudo da Oxfam revela que o grupo dos 1% mais ricos do mundo excederá em 30 vezes, até 2030, o limite necessário para manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC.

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Jactos privados estacionados no aeroporto de Prestwick, na Escócia, por ocasião da COP 26 DYLAN MARTINEZ/Reuters

As emissões de dióxido de carbono dos 1% mais ricos da população mundial estão a caminho de exceder em 30 vezes o limite necessário para manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC, segundo um estudo da Oxfam divulgado esta sexta-feira. Já a pegada climática dos 50% mais pobres deve manter-se bem abaixo desse limite.

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As emissões de dióxido de carbono dos 1% mais ricos da população mundial estão a caminho de exceder em 30 vezes o limite necessário para manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC, segundo um estudo da Oxfam divulgado esta sexta-feira. Já a pegada climática dos 50% mais pobres deve manter-se bem abaixo desse limite.

O relatório, com título “Desigualdade de Carbono em 2030 - emissões de consumo per capita e a meta de 1,5°C”, foi encomendado pela Oxfam e baseou-se em trabalhos levados a cabo pelo Instituto de Política Ambiental Europeia (IEEP) e Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI).

Se se considerarem as emissões totais globais, em vez das emissões per capita, o grupo dos 1% mais ricos do mundo, menor do que a população da Alemanha, deverá ser responsável por 16% do total de emissões globais em 2030, acima dos 13% de 1990 e 15% de 2015.

“Uma pequena elite parece ter um passe livre para poluir”, afirmou Nafkote Dabi, responsável pela área de Política Climática da Oxfam, para quem as emissões dos mais ricos, que detêm aviões privados, iates e várias casas, “estão a alimentar a crise climática em todo o mundo e a colocar em risco a meta internacional de limitar o aquecimento global”.

“As emissões do grupo das pessoas mais ricas do mundo podem colocar-nos acima da meta estabelecida para 2030. Isso terá resultados catastróficos para as pessoas em situação de maior vulnerabilidade no mundo, que já enfrentam tempestades, fome e destituição”, acrescentou Dabi.

O Acordo de Paris, em 2015, fixou o objectivo de um aumento do aquecimento global em 1,5°C, em relação à era pré-industrial, mas as actuais promessas de reduzir as emissões estão muito aquém do necessário, aponta o relatório divulgado numa altura em que decorre em Glasgow a COP26.

Para cumprir este limite, cada habitante do planeta teria que emitir uma média de apenas 2,3 toneladas de dióxido de carbono por ano até 2030, o que representa metade das emissões actuais de cada pessoa.

Ainda de acordo com o estudo da Oxfam, são os 40% que estão no meio entre os ricos e os pobres que estão a fazer mais para conter o aumento das emissões de gases com efeito de estufa. Embora a sua pegada ecológica tenha aumentado significativamente entre 1990 e 2015, deve cair até 2020, graças às mudanças políticas que têm vindo a ser feitas a nível governamental em sectores como os transportes e a energia.

No entanto, segundo a responsável da Oxfam, os governos precisam de fazer mais e advoga a imposição de impostos elevados sobre bens de luxo como mega-mansões e SUVs, assim como sobre o turismo espacial.