Investigador defende criação de “refúgios climáticos” nas cidades

Hélder Lopes apontou as áreas de maior procura turística e de maior “calor urbano” na Área Metropolitana do Porto, bem como a delimitação de cinco zonas de prioridade de intervenção quanto à “oferta e procura turística” e “ao nível de criticidade ambiental”.

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Nelson Garrido

O geógrafo e investigador da Universidade do Minho Hélder Lopes considera que as cidades precisam de “refúgios climáticos” para salvaguardarem habitantes e turistas de “ondas de calor” ou “situações de frio”.

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O geógrafo e investigador da Universidade do Minho Hélder Lopes considera que as cidades precisam de “refúgios climáticos” para salvaguardarem habitantes e turistas de “ondas de calor” ou “situações de frio”.

Tendo por base um estudo sobre alterações climáticas na Área Metropolitana do Porto (AMP), debatido esta quarta-feira, 20 de Outubro, no seminário “Estratégias de adaptação ao turismo urbano face às alterações climáticas num quadro de oportunidades pós-pandémicas”, organizado pelo Instituto de Ciências Sociais da UMinho, o geógrafo disse à Lusa que o planeamento das áreas urbanas continua repleto de “inadaptação” e de “iliteracia climática”.

“É necessário criar refúgios climáticos que permitam às pessoas salvaguardar-se perante uma onda de calor. Depois, temos a questão de refúgio perante situações de frio porque, quando falamos no Porto, o Inverno é também muito rigoroso. Temos de tomar decisões que vão ao encontro destes problemas”, reiterou o investigador, envolvido num trabalho de doutoramento sobre a influência do clima e da morfologia urbana no turismo, que associa a UMinho e a Universidade de Barcelona.

Hélder Lopes apontou as áreas de maior procura turística e de maior “calor urbano” na AMP, bem como a delimitação de cinco zonas de prioridade de intervenção quanto à “oferta e procura turística” e “ao nível de criticidade ambiental”, sendo a zona que envolve os centros históricos do Porto e de Vila Nova de Gaia a principal.

A partir de “medições microclimáticas” e de inquéritos por questionário aos turistas durante o Verão e Inverno de 2019 e 2020, já condicionado pela pandemia de covid-19, a equipa envolvida no doutoramento concluiu que, no Porto, as áreas mais susceptíveis ao calor na Avenida dos Aliados e na Praça da Liberdade são a que envolve a estátua de D. Pedro IV e a que está imediatamente a norte da escultura Abundância/Os meninos, de Henrique Moreira.

Já as áreas mais susceptíveis ao frio são aquelas que se encontram arborizadas junto à estátua do Ardina e, a norte, perto do edifício da Câmara Municipal.

O investigador do Departamento de Geografia da UMinho, sediado no campus de Azurém, em Guimarães, realçou ainda que a AMP carece de uma “rede de monitorização climática” que cubra todo o território, já que as estações existentes, pela sua localização, são incapazes de a fazer.

Convencido de que a “iliteracia climática” abrange população, técnicos superiores e “decisores políticos”, Hélder Lopes vincou a necessidade de garantir a “termorregulação” das áreas urbanas, que as tornem mais “confortáveis” para habitantes e turistas.

O investigador defendeu ainda que as cidades devem ser pensadas por políticos, técnicos, operadores turísticos e “comunidade local”, tendo em conta os “problemas ambientais e climáticos” e a “oferta e a procura turística” em simultâneo.