Nova maternidade vai para os Hospitais da Universidade de Coimbra com construção de novo edifício

É a terceira vez em cinco anos que um presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra anuncia o avanço de um novo serviço de neonatologia e obstetrícia na cidade.

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Novo presidente da Câmara de Coimbra esteve reunido com presidente do conselho de administração do CHUC sergio azenha

Está desfeito o mistério sobre a localização da nova maternidade de Coimbra. O serviço que vai substituir as duas velhinhas maternidades da cidade, a Daniel de Matos e a Bissaya Barreto, vai ser implantado num novo edifício a construir nos hospitais da Universidade de Coimbra, com ligação física à unidade hospitalar. 

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Está desfeito o mistério sobre a localização da nova maternidade de Coimbra. O serviço que vai substituir as duas velhinhas maternidades da cidade, a Daniel de Matos e a Bissaya Barreto, vai ser implantado num novo edifício a construir nos hospitais da Universidade de Coimbra, com ligação física à unidade hospitalar. 

O anúncio foi feito nesta terça-feira, em conferência de imprensa, pelo presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Carlos Santos, acompanhado pelo novo presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), José Manuel Silva. A estimativa é que esta medida represente um investimento de 38 milhões na construção e 6,8 milhões de euros em equipamento.

Este problema regional acabou por ganhar destaque nacional quando surgiu na discussão para as eleições autárquicas. Numa intervenção em Coimbra, num comício de campanha do socialista Manuel Machado (que era então o presidente de câmara, tendo perdido o lugar para José Manuel Silva), António Costa fez o anúncio de um anúncio, dizendo que faltava apenas negociar com a autarquia a localização da nova estrutura. Era uma questão de 700 metros de diferença, dizia o secretário-geral do PS. Manuel Machado sempre foi contra a instalação da nova maternidade nos CHUC, argumentando que iria sobrecarregar os acessos a uma zona da cidade já crítica em termos de mobilidade. Defendia a solução do Hospital dos Covões, a margem Sul do rio Mondego.

Carlos Santos diz que a escolha da localização está apoiada em razões “técnicas e clínicas de segurança da grávida” que, por causa do alargamento da idade média, tem mais riscos durante o parto. Isso justifica a ligação “a uma unidade hospitalar de apoio peri-natal altamente diferenciado”, sendo que, disse o presidente, no CHUC, “esse apoio existe apenas no pólo dos HUC”.   

“A decisão está tomada pelo Ministério da Saúde desde 17 de Agosto”, revelou ainda. E acrescentou: “desde essa altura que se procurou ter um alinhamento com a posição e a visão que o município tem sobre um equipamento tão importante para a cidade”. Por causa do processo eleitoral, a comunicação pública acabou por ser adiada.

O novo autarca de Coimbra, que também já foi bastonário da Ordem dos Médicos, sublinhou que o entendimento entre municípios e centro hospitalar permite substituir “duas velhas maternidades cheias de problemas e de limitações, quer de espaços físicos, quer de recursos técnicos e sobretudo humanos, que a junção de serviços irá permitir resolver”. A perspectiva, diz Carlos Santos, é que a maternidade possa ser inaugurada em Dezembro de 2024.

Três anúncios em cinco anos 

Esta é uma história que, nos seus episódios recentes, tem já cinco anos. Carlos Santos é o terceiro presidente do CA do CHUC que anuncia o avanço da nova maternidade, num exercício que começou em 2016.

O então presidente, José Martins Nunes, disse, em Dezembro de 2016, que o Ministério da Saúde tinha dado luz verde para a construção e previa lançar o concurso em 2017 ou 2018. Não aconteceu. Há três anos, já com Fernando Regateiro no conselho de administração, foi convocada uma conferência de imprensa para anunciar que a nova maternidade seria instalada nos HUC. Nessa apresentação estava também presente Carlos Santos, embora na função de presidente do IPO de Coimbra.

Em que é que esse anúncio é diferente do desta terça-feira? “Essa ideia, pelo que pude acompanhar, teve que ser abandonada por razões estruturais e técnicas de engenharia, fundamentalmente. Assentava numa solução de colocar o serviço de obstetrícia e neonatologia no interior dos HUC, desalojando outros serviços”, responde. “Isso, tecnicamente, acabou por revelar-se impossível realizar, porque a área disponível não era suficiente para aquilo que é o programa funcional” de uma maternidade moderna. Isso significa que o anúncio de 2018 foi feito sem ter em conta a ponderação técnica? Carlos Santos diz que não se pronuncia sobre gestões anteriores.

Sobre os problemas nos acessos, o responsável considera que a chegada do sistema de metrobus aos HUC “vai permitir descongestionar e desincentivar a utilização de viatura própria” nas deslocações ao hospital.

Fusão hospitalar vai ser estudada 

José Manuel Silva quer ainda saber qual o impacto da criação do CHUC, uma medida de 2011, que fundiu várias instalações de saúde de Coimbra numa só entidade administrativa. “É muito relevante para o nosso conhecimento de economia da saúde sabermos o que aconteceu de facto”, disse o autarca, que lamenta que não tenha havido qualquer “estudo prévio à fusão”, sendo que também não foi feito um ponto de situação pós-fusão.

“Houve benefícios? Houve prejuízos? Foi indiferente? Não há resposta.” A CMC vai “promover todos os mecanismos necessários para que esse estudo seja finalmente desencadeado”, afirmou, dando também nota da “abertura e disponibilidade” da administração do CHUC para que tal aconteça.