“Lição exemplar” prometida à Galp passa pela protecção dos trabalhadores e do território, diz Costa

Num artigo publicado no PÚBLICO nesta quarta-feira, depois da intervenção de domingo ter feito “correr muita tinta”, Costa explica que “a pretendida ‘lição’ não é mais do que a utilização do Fundo de Transição Justa e a aplicação da legislação para protecção dos trabalhadores e do futuro do território de Matosinhos.

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António Costa pretende trabalhar com o município para garantir que o território antes ocupado pela refinaria não será agora utilizado pela Galp como “lhe der na real gana” LUSA/NUNO VEIGA

António Costa afirmou, esta quarta-feira, que não há contradição entre as críticas que fez encerramento da refinaria da Galp em Matosinhos e o que disse enquanto primeiro-ministro em Maio aquando da Cimeira Social no Porto. 

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António Costa afirmou, esta quarta-feira, que não há contradição entre as críticas que fez encerramento da refinaria da Galp em Matosinhos e o que disse enquanto primeiro-ministro em Maio aquando da Cimeira Social no Porto. 

No domingo, falando num comício em Matosinhos, o secretário-geral do PS, António Costa, considerou que “era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade” como a Galp demonstrou no encerramento da refinaria de Matosinhos, prometendo uma “lição exemplar” à empresa. Na opinião do secretário-geral do PS, todo o processo é “um exemplo de escola de tudo aquilo que não deve ser feito por uma empresa que seja uma empresa responsável”.

Agora, num artigo publicado no PÚBLICO, depois de a intervenção ter feito “correr muita tinta”, Costa explica que “a pretendida ‘lição’ não é mais do que a utilização do Fundo de Transição Justa e a aplicação da legislação para protecção dos trabalhadores e do futuro do território”. “Espero que esta contextualização clarifique que não há contradição com o que disse anteriormente”, escreveu o primeiro-ministro depois de recordar partes do discurso de domingo.

Em Maio, o primeiro-ministro disse que Matosinhos “ia dar um contributo muito bem-vindo para o esforço de redução das emissões de CO2”, mas também referiu que o encerramento da refinaria ia ter muitas consequências para o concelho e regiões vizinhas. “É verdade. Mas também é verdade que o fecho da refinaria elimina os postos de trabalho de centenas de trabalhadores, os da própria refinaria e de outras actividades a ela ligadas, que serão obrigados a mudar de emprego, ou a requalificarem-se para as novas actividades que aí virão a desenvolver-se”.

No artigo desta quarta-feira, Costa voltou a recordar o que já havia dito no domingo e salientou também que pretende trabalhar com o município para garantir que o território antes ocupado pela refinaria não será agora utilizado pela Galp como “lhe der na real gana”, mas antes para desenvolver “a economia e para o progresso do território de Matosinhos”.

“Eu quero deixar claro: nada tenho contra a empresa. Agora, há algo que eu tenho: é que, neste início de processo de transição, este processo tem de ser exemplar. E quem se porta assim tem de levar uma lição. Tem de levar uma lição para que esta lição seja exemplar para todas as outras empresas que vão ter de enfrentar processos semelhantes neste processo de transição energética”, frisou.

No arranque da última semana de campanha, a chuva de críticas às declarações feitas pelo secretário-geral do PS no domingo chegou de várias bancadas parlamentares. Os partidos recordaram as palavras do primeiro-ministro em Maio e lembram que o Governo teve várias oportunidades para travar o despedimento de mais de 1600 trabalhadores.

A Galp desligou a última unidade de produção da refinaria de Matosinhos a 30 de Abril, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines. A petrolífera justificou a “decisão complexa” de encerramento da refinaria com base numa avaliação do contexto europeu e mundial da refinação, bem como nos desafios de sustentabilidade, a que se juntaram as características das instalações.