Recuperação da Groundforce votada por unanimidade dos credores

Próximo passo é a elaboração do plano de recuperação, na sequência da assembleia de credores que se realizou esta quarta-feira à tarde, e que terá de ser apresentado pelos administradores de insolvência em 120 dias.

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TAP é accionista e o principal cliente da Groundforce Rui Gaudencio

A recuperação da Groundforce, mantendo a empresa em actividade, foi votada por unanimidade na assembleia de credores que se realizou esta quarta-feira à tarde. De acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, os administradores de insolvência, Bruno Pereira e Pedro Pidwell, vão manter-se em funções, faltando agora a elaboração do plano de recuperação. Este ficará a cargo dos dois administradores nomeados pelo tribunal, tendo o prazo máximo de 120 dias para o apresentar.

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A recuperação da Groundforce, mantendo a empresa em actividade, foi votada por unanimidade na assembleia de credores que se realizou esta quarta-feira à tarde. De acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, os administradores de insolvência, Bruno Pereira e Pedro Pidwell, vão manter-se em funções, faltando agora a elaboração do plano de recuperação. Este ficará a cargo dos dois administradores nomeados pelo tribunal, tendo o prazo máximo de 120 dias para o apresentar.

Os maiores credores da empresa de assistência em terra são os trabalhadores, bem como a TAP, a ANA Aeroportos e a seguradora Fidelidade (estas três empresas compõem a comissão de credores).

Ao todo, foram reclamadas dívidas de cerca de 155 milhões de euros, um valor que, conforme já afirmou ao PÚBLICO o presidente do Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA) André Teives, será ainda alvo de verificação nas próximas semanas.

O processo de insolvência foi desencadeado pela TAP, que é credora e accionista da Groundforce, com 49,9% do capital, depois de um desentendimento profundo da transportadora aérea e do Governo (o Estado controla o capital da TAP) com o accionista maioritário da Groundforce, Alfredo Casimiro (via Pasogal).

A manutenção da actividade da empresa que conta actualmente com cerca de 2600 trabalhadores já tinha sido a opção aconselhada pelos dois administradores de insolvência, e bem recebida pelos principais credores. No relatório que elaboraram, os dois gestores nomeados pelo tribunal consideraram que as dificuldades da Groundforce foram provocadas pela pandemia, e que a melhor solução para os credores seria manter a empresa em actividade, com um plano de recuperação.

Assim, a proposta em cima da mesa era a de manter “a actividade do estabelecimento, com a consequente suspensão da liquidação e da partilha da massa insolvente”.

“Os administradores da insolvência têm a convicção de que, caso se vejam concretizadas medidas que permitam assegurar um controlo da estrutura de custos (…), a empresa terá todas as condições para se manter no mercado” e pagar as dívidas aos credores, defenderam estes responsáveis no relatório que elaboraram.

De acordo com os administradores, a empresa terá três grandes desafios: “ajustar-se às imprevisibilidades da retoma pós-covid”; “assegurar a renovação das licenças” a cargo do regulador sectorial, a ANAC; e “manter fidelizados os clientes”, com destaque para a TAP. A transportadora aérea portuguesa é o principal cliente da Groundforce, tendo representado 68% dos 152,4 milhões de euros do seu volume de negócios em 2019.

Depois de ter sofrido um prejuízo de 24 milhões de euros em 2020 (valor que compara com seis milhões de lucro em 2019), a empresa viu os seus capitais próprios encolherem e ficarem negativos no valor de cerca de 17 milhões. Até Agosto deste ano, segundo as informações que constam do relatório dos gestores de insolvência, as perdas vão nos 5,6 milhões de euros, mas há sinais positivos: em Agosto, com a recuperação da actividade, a empresa gerou um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) positivo, de 700,6 mil euros, e a perspectiva, afirma-se, é a de que “a evolução do negócio até ao final do exercício possibilite uma redução dos prejuízos operacionais acumulados até à data”.