2000 vezes menos? Os chatos da ética explicam

Duas mil vezes menos são muitas vezes menos. A água da torneira custa 2000 vezes menos do que a água engarrafada. Entre as bazucas dos países ricos e o investimento nos países pobres o abismo é igual.

Quando são enormes, os números tornam-se abstractos (como a distância até à Lua). Quando são constantes, tornam-se transparentes (como os casos de covid). Quando são muitos, tornam-se ineficazes (ao terceiro parágrafo já os misturámos). Quando são redondos, perdem humanidade (o genial W.G. Sebald escreveu sobre a diferença entre 100.000 e 100.001 mortos: quem é aquele último 1? É como dizer que no tsunami do oceano Índico de 2004 morreram cerca de 230 mil pessoas ou dizer que morreram 227.898. Penso logo nos Belón, a família espanhola que sobreviveu e inspirou o filme O Impossível. Se os cinco Belón tivessem morrido, teriam sido 227.903 mortos).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Quando são enormes, os números tornam-se abstractos (como a distância até à Lua). Quando são constantes, tornam-se transparentes (como os casos de covid). Quando são muitos, tornam-se ineficazes (ao terceiro parágrafo já os misturámos). Quando são redondos, perdem humanidade (o genial W.G. Sebald escreveu sobre a diferença entre 100.000 e 100.001 mortos: quem é aquele último 1? É como dizer que no tsunami do oceano Índico de 2004 morreram cerca de 230 mil pessoas ou dizer que morreram 227.898. Penso logo nos Belón, a família espanhola que sobreviveu e inspirou o filme O Impossível. Se os cinco Belón tivessem morrido, teriam sido 227.903 mortos).