Ver a noite e chorar por ela

Olhamos para as fotos de Papageorge e Rautert com estranheza, inveja e ansiedade.

Foto
Tim Rautert

Sabemos que toda a fotografia é arqueologia. Mas quando essa contingência assume a força da provocação o resultado é nostalgia. É isso que sentimos agora quando nos vemos no meio de duas imensas festas — cheias de hedonismo, sensualidade, toque e proximidade — captadas por Tod Papageorge no badalado Club 54, de Nova Iorque, entre 1978 e 1980, e por Tim Rautert no mítico Crazy Horse, em Paris, em 1976. Cercados que estamos por restrições, máscaras, proibições e medos vários olhamos para as fotografias de Papageorge e Rautert com um misto de estranheza — como se estivéssemos a fazer já um exercício de arqueologia social, uma rememoração de um tempo em era possível sair à noite e dançar —, alguma inveja e muita ansiedade: quando poderemos voltar a encontrar-nos assim? Alguma vez poderemos voltar a encontrar-nos assim? E a noite como lugar de escape, transgressão e prazer? Voltará a ser o que era?

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Sabemos que toda a fotografia é arqueologia. Mas quando essa contingência assume a força da provocação o resultado é nostalgia. É isso que sentimos agora quando nos vemos no meio de duas imensas festas — cheias de hedonismo, sensualidade, toque e proximidade — captadas por Tod Papageorge no badalado Club 54, de Nova Iorque, entre 1978 e 1980, e por Tim Rautert no mítico Crazy Horse, em Paris, em 1976. Cercados que estamos por restrições, máscaras, proibições e medos vários olhamos para as fotografias de Papageorge e Rautert com um misto de estranheza — como se estivéssemos a fazer já um exercício de arqueologia social, uma rememoração de um tempo em era possível sair à noite e dançar —, alguma inveja e muita ansiedade: quando poderemos voltar a encontrar-nos assim? Alguma vez poderemos voltar a encontrar-nos assim? E a noite como lugar de escape, transgressão e prazer? Voltará a ser o que era?