EDP confirma saída do consórcio do hidrogénio em Sines

Empresa diz que está a estudar 20 projectos de produção de hidrogénio verde em “várias geografias”.

Foto
O presidente da EDP, Miguel Stilwell de Andrade Sara Jesus Palma

Dez meses de estudo sobre a viabilidade de um grande consórcio de produção de hidrogénio verde em Sines levaram a EDP a concluir que aquele projecto não faz sentido na sua estratégia.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Dez meses de estudo sobre a viabilidade de um grande consórcio de produção de hidrogénio verde em Sines levaram a EDP a concluir que aquele projecto não faz sentido na sua estratégia.

A empresa liderada por Miguel Stilwell de Andrade confirmou esta terça-feira ao PÚBLICO que decidiu abandonar o projecto onde até agora também tem estado envolvida com a Galp, assim como com a francesa Engie, a Martifer, a Vestas e a REN.

Concluída a avaliação deste potencial consórcio promovido pelo Governo, “a EDP entende que a sua estratégia e futuros investimentos em hidrogénio verde deverão aplicar-se a outros projectos com os quais espera, de igual forma, continuar a contribuir para a descarbonização da economia”.

As várias entidades têm estado ligadas apenas por um memorando de entendimento, assinado em Julho, com vista à criação do consórcio H2Sines e agora a EDP confirma que “concluiu a sua participação” neste grupo.

A empresa garante estar a “avaliar projectos inovadores e com potencial de crescimento nesta área nas várias geografias em que opera, mantendo actualmente cerca de 20 projectos sob análise”.

A EDP salienta que criou em Fevereiro uma “nova unidade de negócio – H2BU – precisamente para promover oportunidades de investimento e desenvolvimento” de iniciativas na área do hidrogénio verde e do armazenamento de energia.

Também garante que o seu desinteresse num futuro consórcio ligado ao hidrogénio na localidade alentejana, onde encerrou este ano a central a carvão que estava em operação desde 1985, “não anula o compromisso” de manter a “ligação a Sines”.

A empresa diz-se ainda a “avaliar todas as potenciais oportunidades de investimento” naquela região, seja no hidrogénio verde ou qualquer outra área que “considere sustentável e que possa contribuir para o desenvolvimento do território e das suas comunidades”.

Recentemente, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas disse ao PÚBLICO esperar da EDP “a fixação de investimentos” na região, mesmo afastando-se do consórcio H2Sines.

O presidente da REN, Rodrigo Costa, também já assinalou que a REN não fará parte de qualquer consórcio ligado à produção de hidrogénio, pois isso é incompatível, à luz das regras europeias, com as suas operações de transporte energético.

A secretaria de Estado da Energia, de João Galamba, adiantou esta terça-feira que “a formalização dos consórcios é da responsabilidade das empresas que o integram” e que “Sines continua com o mesmo papel relevante como cluster industrial, independentemente da orgânica entre os vários agentes”.