Miguel Cardina: “A guerra foi um capítulo violento, mas a violência está inscrita no passado colonial”

O historiador sugere que um museu do colonialismo poderia ser um “espaço de reflexão” sobre estes “passados difíceis”.

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"Não existe um monumento às vítimas que a guerra [colonial] fez", diz Miguel Cardina Sérgio Azenha

Como viu o discurso do Presidente da República do 25 de Abril?
Foi um discurso inédito. E algo ambíguo. Isso explica a quase unanimidade com que foi recebido. A verdade é que, para além dos “glorificadores” e “flagelantes”, o Presidente da República também falou da violência, do racismo e da escravatura. Da necessidade de entender que, para muitos portugueses, a experiência colonial foi uma experiência subjectiva. Da importância de olhar o passado com “olhos que não são os nossos”, mas os dos colonizados e seus descendentes. Julgo produtivo ver o discurso, não tanto como um repto à História, mas como um repto ao Estado. Sendo consequente, ao discurso do 25 de Abril só se poderia seguir uma questão: o que fazer para lidar melhor com o passado colonial e a guerra?

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Como viu o discurso do Presidente da República do 25 de Abril?
Foi um discurso inédito. E algo ambíguo. Isso explica a quase unanimidade com que foi recebido. A verdade é que, para além dos “glorificadores” e “flagelantes”, o Presidente da República também falou da violência, do racismo e da escravatura. Da necessidade de entender que, para muitos portugueses, a experiência colonial foi uma experiência subjectiva. Da importância de olhar o passado com “olhos que não são os nossos”, mas os dos colonizados e seus descendentes. Julgo produtivo ver o discurso, não tanto como um repto à História, mas como um repto ao Estado. Sendo consequente, ao discurso do 25 de Abril só se poderia seguir uma questão: o que fazer para lidar melhor com o passado colonial e a guerra?