Moody’s melhora perspectiva da banca portuguesa de negativa para estável

Contudo, agência de rating não acredita que as provisões realizadas pelos bancos em 2020 para proteger futuras perdas no crédito sejam suficientes para cobrir a deterioração dos activos

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Reuters/BRENDAN MCDERMID

A agência de rating Moody’s reviu hoje a perspectiva da banca nacional de “negativa” para “estável”, antecipando, no entanto, um “aumento dos problemas com empréstimos” devido às perturbações relacionadas com a pandemia de covid-19.

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A agência de rating Moody’s reviu hoje a perspectiva da banca nacional de “negativa” para “estável”, antecipando, no entanto, um “aumento dos problemas com empréstimos” devido às perturbações relacionadas com a pandemia de covid-19.

Num comunicado divulgado esta quinta-feira, a entidade adiantou que alterou o seu “outlook” (perspectiva) para o sistema bancário português de “negativo” para “estável”, referindo que, ainda que se espere um retorno da economia portuguesa ao crescimento em 2021, depois de uma contracção em 2020, a Moody’s conta com “um aumento de incumprimento dos empréstimos durante o período a que este ‘outlook’ se refere devido a perturbações económicas persistentes” relacionadas com a pandemia.

Além disso, avisa a Moody’s, os bancos irão continuar a enfrentar “uma pressão contínua sobre as receitas” bem como uma procura reduzida pelo crédito, taxas de juros baixas e elevadas provisões.

A agência de rating estima que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional aumente “em 3,7% e 4% em 2021 e 2022 respectivamente, depois de uma contracção de 7,6% em 2020, devido à pandemia, mas não irá regressar aos níveis pré-pandemia antes de 2023”.

Ainda assim, a entidade acredita que que as condições do crédito deverão beneficiar de um sector privado mais forte e que reduziu a dívida ao longo dos anos, bem como de um “aumento das poupanças das empresas e famílias” durante a crise sanitária.

Por outro lado, refere a Moody’s, “a qualidade dos activos irá deteriorar-se”, antecipando um aumento de incumprimento nos empréstimos da banca portuguesa à medida que as medidas do Governo que protegeram a qualidade dos activos em 2020 começam a ser reduzidas.

Além disso, a organização não acredita que as provisões realizadas pelos bancos em 2020 para proteger futuras perdas no crédito sejam suficientes para cobrir a deterioração destes activos.

A Moody’s disse ainda que a posição de capital dos bancos deverá aguentar-se, referindo que as instituições bancárias conseguirão na sua maioria “evitar perdas que possam afectar o capital”.

A análise da agência aponta ainda para uma rentabilidade que se irá manter “estável”, acrescentando que “depois de vários anos de corte de custos, os bancos nacionais têm margem de manobra limitada para mais ganhos de eficiência”.

Paralelamente, as instituições financeiras portuguesas contam com condições estáveis de financiamento e liquidez, garante a agência, apontando para o aumento da base de depósitos devido à contracção no consumo.

A Moody’s destaca ainda o apoio do Governo, referindo que continua a acreditar na possibilidade de apoio estatal aos dois maiores bancos portugueses.