PIB afunda-se 7,6% em 2020 penalizado por consumo e turismo

A economia encolheu 7,6% no ano marcado pela covid-19, um desempenho que foi atenuado pelo crescimento de 0,4% no quarto trimestre. E que supera todas as estimativas.

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Nelson Garrido

O produto interno bruto (PIB) recuou 7,6% na totalidade de 2020, um ano marcado a partir de Março pela pandemia de covid-19. No quarto trimestre, a economia cresceu muito ligeiramente (0,4%), atenuando o desempenho mais negativo de sempre registado pela actual série de Contas Nacionais do Instituto Nacional de Estatística, divulgadas esta terça-feira.

O desempenho historicamente negativo do PIB no ano passado – em comparação com o crescimento de 2,2% em 2019 – é explicado por um duplo efeito provocado pelas restrições impostas pelo novo coronavírus: por um lado, uma queda pronunciada do consumo das famílias e, por outro lado, uma retracção “sem precedente” do turismo.

Segundo INE, “a procura interna apresentou um expressivo contributo negativo para a variação anual do PIB, após ter sido positivo em 2019, devido, sobretudo, à contracção do consumo privado”. Isto, dado que “o contributo da procura externa líquida foi mais negativo em 2020, verificando-se reduções intensas das exportações e importações de bens e de serviços, com destaque particular para a diminuição sem precedente das exportações de turismo”.

No quarto trimestre, o PIB registou uma variação homóloga negativa de 5,9% e cresceu 0,4% face ao trimestre anterior. Esta evolução trimestral – que compara com a queda de 13,9% e a subida de 13,3% no segundo e terceiro trimestres, respectivamente – dos contributos positivos “da procura interna e da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB”, explica o INE.

Na procura interna, verificou-se uma “diminuição menos intensa do investimento, apesar da redução mais pronunciada do consumo privado”. Já “a procura externa líquida apresentou um contributo mais negativo no quarto trimestre, verificando-se uma contracção mais intensa das exportações de bens e serviços que a observada nas importações de bens e serviços”.

Refira-se que o Governo apontava para uma contracção económica de 8,5%, ao passo que a Comissão Europeia e o Conselho das Finanças Públicas esperavam uma queda de 9,3% do PIB, estando o Fundo Monetário Internacional mais pessimista (-10,0%). Mais optimistas estavam o Banco de Portugal (BdP) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que apontaram para uma queda do PIB de 8,1% e 8,4%, respectivamente.

Em comunicado, o Ministério das Finanças destaca que os dados revelados pelo INE estão “em linha com a dinâmica da actividade económica nos últimos meses de 2020”, citando o crescimento de 20% das compras e os levantamentos por Multibanco no segundo semestre face ao primeiro ou o aumento de 1,2% do consumo de electricidade.

O Governo refere ainda que a “contracção do PIB na zona euro foi igualmente muito acentuada, de 6,8%, tendo atingido particularmente os países onde o sector do turismo tem mais peso, tais como Espanha (11%), Itália (8,8%) e França (8,3%)”.

Finalmente, avisa que “o novo confinamento generalizado, decretado no início do 2021, terá efeitos negativos na actividade económica nos primeiros meses do ano [2021], que implicarão uma evolução anual menos favorável do que anteriormente antecipado”. com Lusa

Notícia corrigida na evolução trimestral no terceiro trimestre, que foi de +13,3% e não de -13,3% como referido inicialmente

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