PCP diz que mais injecção de capital no Novo Banco é uma “afronta” aos portugueses em dificuldades

Conunistas não querem que seja entregue “nenhuma verba” ao Novo Banco.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

 O PCP considerou, este sábado, o pedido do Novo Banco, de injecção de 598,5 milhões de euros, uma “afronta aos milhares” de portugueses em dificuldades económicas, por causa da covid-19, e defende que deve ser “liminarmente rejeitado” pelo Governo.

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 O PCP considerou, este sábado, o pedido do Novo Banco, de injecção de 598,5 milhões de euros, uma “afronta aos milhares” de portugueses em dificuldades económicas, por causa da covid-19, e defende que deve ser “liminarmente rejeitado” pelo Governo.

“Não podemos aceitar uma situação em que o Estado paga, mas quem gere e fica com os lucros é o privado... provavelmente com uma venda que se realizará a um qualquer grupo bancário internacional”, afirmou à Lusa o deputado comunista Duarte Alves.

O PCP, lembrou, “não aceita” que seja entregue “nenhuma verba” ao Novo Banco, ainda mais violando o que está na versão final do Orçamento do Estado, e defendeu a necessidade de recuperar um controlo público do banco “para ir atrás do dinheiro que já lá foi entregue, acabar com os desmandos da actual administração e também colocar o banco ao serviço do país”.

Duarte Alves aguça a critica ao Governo, que acusa de não fechar a porta a mais injecções no Novo Banco, ao recordar que, ainda na sexta-feira, foram conhecidos “subterfúgios” do executivo para “procurar não concretizar” medidas de reforço de apoios sociais alegando questões orçamentais.

“Depois, vemos também que se procura contornar o que foi aprovado no orçamento para procurar injectar esta verba no Novo Banco. Portanto há aqui também dois pesos e duas medidas”, acrescentou.

O deputado reafirmou a posição do PCP de que o Novo Banco “não pode continuar a ser um buraco sem fundo” de recursos públicos, e que o pedido de mais 598,5 milhões de euros - comunicado há um dia à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) - só dá razão ao PCP, que há muito defende a nacionalização do banco.

“É inaceitável. O banco tem de ser colocado ao serviço da economia e do país”, insistiu, lembrando a posição do PCP sobre o destino dos lucros, depois de o Estado suportar os prejuízos.

No mesmo dia em que o Novo Banco divulgou os resultados de 2020 à CMVM, e as necessidades de nova injecção, o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, reafirmou a importância de os acordos em relação ao Novo Banco serem cumpridos, referindo que o BdP e o Fundo de Resolução vão analisar este novo pedido de injecção.

“O que conhecemos através do Novo Banco foi o pedido de accionamento do acordo de capital contingente” e haverá “um processo de validação desse pedido que decorrerá nas próximas semanas”, referiu Mário Centeno, sublinhando que “aquilo que é mais importante para o governador do Banco de Portugal que é que os acordos sejam cumpridos”.

De acordo com o comunicado da apresentação de resultados, “em resultado das perdas dos activos protegidos pelo CCA [MCC] e das exigências regulatórias de capital, o Novo Banco irá solicitar uma compensação de 598,3 milhões de euros”, superior ao previsto na proposta de Orçamento do Estado.

Assim, “o valor total das compensações solicitadas entre 2017 e 2019 e a solicitar relativamente a 2020 totalizam 3,57 mil milhões de euros”, sendo que o tecto de transferências do acordo é de 3,89 mil milhões de euros.

A transferência de 476 milhões de euros prevista na proposta de Orçamento do Estado para o Fundo de Resolução, destinada a financiar o Novo Banco, acabou por ser chumbada no parlamento, mas o Governo esclareceu que vai cumprir o contrato firmado aquando da venda da instituição à Lone Star.

Nos resultados semestrais de 2020, o Novo Banco estimou que seria de 176 milhões de euros o valor a pedir ao Fundo de Resolução, relativo àquele período em que registou prejuízos de 555 milhões de euros.