Feedzai angaria 170 milhões e torna-se o quarto “unicórnio” português

A KKR, que já tinha investido na Outsystems, liderou a última ronda de investimento. Fintech criada em Coimbra reforça metas de expansão mundial.

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Reuters/STEVE MARCUS

A Feedzai assegurou 200 milhões de dólares (170 milhões de euros, ao câmbio actual) numa nova ronda de investimento e, com isso, ultrapassou na avaliação empresarial a fasquia dos 1000 milhões de dólares (1300 milhões, mais precisamente), o que lhe confere o estatuto de “unicórnio”. A empresa criada em Coimbra é a quarta fundada por portugueses a atingir tal estatuto, depois da Farfetch, da Talkdesk e da Outsystems.

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A Feedzai assegurou 200 milhões de dólares (170 milhões de euros, ao câmbio actual) numa nova ronda de investimento e, com isso, ultrapassou na avaliação empresarial a fasquia dos 1000 milhões de dólares (1300 milhões, mais precisamente), o que lhe confere o estatuto de “unicórnio”. A empresa criada em Coimbra é a quarta fundada por portugueses a atingir tal estatuto, depois da Farfetch, da Talkdesk e da Outsystems.

Feedzai é uma empresa tecnológica que ajuda outras empresas a gerir e a prevenir o risco de fraude ou crime associado a transacções online, designadamente pagamentos. Para tal recorre à inteligência artificial e ao machine-learning para detectar indícios de problemas e propor correcções. Desenvolve tecnologia para protecção de dados e combate à fraude em transacções financeiras, podendo inclusivamente sinalizar operações mais complexas como lavagem de dinheiro.

Por exemplo, pode acompanhar um pagamento online através de um cartão de crédito (imagine-se uma compra) para tentar perceber se é o dono ou alguém criminoso quem está a usar aquele cartão bancário. Isso pode ser feito, por exemplo, analisando o perfil do utilizador, o tipo de compras e os locais onde mais usualmente aquele cartão é usado. Sempre que existe uma nova transacção, e se esta se distanciar muito do perfil ou comportamento típico, a inteligência artificial detecta essa anomalia e sinaliza-a como potencial fraude. No portefólio de clientes estão empresas de grande dimensão que totalizam 800 milhões de clientes em 190 países. Entre eles estão grandes bancos mundiais, como o Santander e o Citigroup.

Segundo a empresa, “metade da população do Reino Unido e do Canadá, bem como quatro dos cinco maiores bancos da América do Norte”, é protegida pelas soluções da Feedzai. “Sempre que alguém abre uma conta bancária, transfere dinheiro ou faz um pagamento com um equipamento móvel, está a trabalhar com a transparência, a conveniência e com a protecção em três milissegundos ou menos – tudo possível graças à nossa plataforma.”

A mais recente ronda de investimento (uma Série D) foi liderada pela KKR, uma sociedade de investimento que, no passado recente, já tinha investido noutro “unicórnio” português, a Outsystems (em 2018).

O capital agora angariado apoiará “a expansão global da companhia” que o CEO, Nuno Sebastião, pretende acelerar. Além disso, quer “desenvolver a oferta de produtos, reforçar a estratégia de parceiros e o posicionamento como uma das melhores soluções de prevenção e gestão de risco financeiros no mercado”. 

O crescimento do digital neste último ano de pandemia ajudou a impulsionar a importância da segurança na Internet, das operações electrónicas tais como o comércio online ou serviços financeiros, como na banca. 

Tal como refere a empresa em comunicado, a maior actividade online gerou igualmente “um aumento significativo do número de consumidores vítimas de crimes financeiros”.

“Só no último trimestre de 2020, houve um aumento de 650% em fraudes de apropriação de contas, 600% em fraudes de falsificação de identidade e um aumento de 250% em ataques de fraude bancária online, em comparação com o primeiro trimestre do mesmo ano.”

“Talvez tenha algo a ver com o facto de os meus co-fundadores e eu termos as nossas raízes no campo aeroespacial, mas a Feedzai sempre manteve uma cultura de vanguarda e centrada no futuro. Quando os desafios do passado nos bateram à porta, nós apoiámo-nos no nosso mantra e funcionou. Estamos preparados para a veloz transição rumo a um mundo em que a banca e o comércio estão primeiro no digital. Estamos satisfeitos pela forma como a nossa inteligência artificial e o machine-learning lidaram com a incerteza que houve em 2020”, resume Nuno Sebastião, numa mensagem publicada esta quarta-feira no site da empresa. 

“Este novo investimento apoia-nos na nossa missão de manter o comércio seguro com novos desenvolvimentos na nossa plataforma de machine-learning na cloud para as quatro fases do risco de clientes: prevenção, detecção, correcção e cumprimento (compliance). Ao focarmo-nos no ciclo completo do risco, podemos fazer parcerias com serviços financeiros de uma forma radicalmente nova em cada uma dessas fases”, explica.

A par da KKR, esta mais recente ronda de financiamento contou com investidores que já tinham apostado na Feedzai no passado. É o caso da Sapphire Ventures e da Citi Ventures que, em 2017, tinham investido 50 milhões de dólares nesta empresa fundada em 2017.

Stephen Shanley, da KKR, explica esta aposta com o argumento de que a Feedzai “disponibiliza uma solução poderosa para um dos maiores desafios da actualidade: o crime financeiro na era digital”. Spencer Chavez, do mesmo fundo de investimento, acrescenta que a plataforma desta empresa portuguesa, fundada em 2011 segundo diz no site, “vai ao encontro destas expectativas”.

A startup tem mais de 500 empregados nesta altura e nove escritórios em diferentes pontos do país (Lisboa, Porto e Coimbra) e do globo (Londres, Nova Iorque e San Mateo). O LinkedIn indica que a empresa nasceu em 2009 e que a sede é San Mateo (30 km a sul de São Francisco, na Califórnia).

Foi fundada, na verdade, em 2008, por Nuno Sebastião, Pedro Bizarro e Paulo Marques.