Pablo Iglesias abandona Governo espanhol para se candidatar em Madrid

Vice-presidente do executivo diz que “Madrid precisa de um governo de esquerdas” e espera poder contar com o Más Madrid, do seu antigo aliado Íñigo Errejón.

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Iglesias diz ser necessária uma "candidatura de esquerdas" para tirar a direita do poder em Madrid Juan Carlos Hidalgo

O vice-presidente do Governo espanhol, Pablo Iglesias, anunciou que vai abandonar o executivo para se apresentar às eleições de 4 de Maio para a presidência da comunidade de Madrid.

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O vice-presidente do Governo espanhol, Pablo Iglesias, anunciou que vai abandonar o executivo para se apresentar às eleições de 4 de Maio para a presidência da comunidade de Madrid.

“Madrid precisa de um governo de esquerdas, e acredito que posso ser útil. Estive a pensar e decidimos que vou apresentar-me às eleições em Madrid”, disse Iglesias numa mensagem de vídeo, publicada depois de o jornal La Vanguardia ter avançado a informação, nesta segunda-feira.

De acordo com o jornal El País, a decisão de Iglesias já foi comunicada ao presidente do Governo, Pedro Sánchez. O secretário-geral do Podemos propôs a Sánchez que nomeie a ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, para a sua posição; e que escolha Ione Belarra, a actual secretária de Estado para a Agenda 2030, para ocupar o lugar de ministra dos Direitos Sociais e da Agenda 2030.

“Será uma honra ocupar um posto em que poderei ser mais útil, como madrilenho e como antifascista”, disse Pablo Iglesias.

Com esta decisão inesperada, Iglesias entra na política de Madrid para tentar derrotar a presidente da comunidade e candidata do Partido Popular à reeleição, Isabel Díaz Ayuso.

“Esta enorme oportunidade exige a responsabilidade e a altivez necessárias para que todos caminhem juntos numa candidatura de esquerda capaz de vencer Ayuso. Vou propor aos companheiros do Más Madrid uma candidatura única para ganharmos. É isso que as pessoas de esquerda estão a pedir-nos.” Iglesias espera poder contar com o apoio do movimento liderado por Íñigo Errejón, com quem fundou o Podemos em 2014, mas que saiu do partido em rota de colisão com o agora vice-presidente do Governo demissionário.

Na quarta-feira da semana passada, Isabel Díaz Ayuso rompeu a coligação que a apoia na presidência da comunidade de Madrid e marcou eleições antecipadas, que vão realizar-se a 4 de Maio.

À direita, as reacções à candidatura de Iglesias à comunidade de Madrid pautam-se pela afirmação da polarização política. Tanto Ayuso como outros responsáveis da direita publicaram mensagens em que resumem o futuro embate eleitoral a um confronto entre “comunismo” e “liberdade”. Em declarações após o anúncio de Iglesias, Ayuso acusou o seu novo adversário político de ser “próximo de independentistas, dos círculos da ETA” e de ter “actuado sempre contra a Comunidade de Madrid”. “Todos os que não querem que o comunismo, aquilo que arruinou tantos países, entre na comunidade vão unir-se em torno de uma candidatura que representa exactamente o contrário”, acrescentou.

No mesmo tom, o líder do PP, Pablo Casado, disse que Iglesias "decidiu levar um Governo comunista para um confronto político na Assembleia de Madrid”.