Incitamento à violência

A violência das ruas da Catalunha, do País Basco, de Madrid e de outros lugares não deixa de exprimir a violência latente radicada nos nacionalismos de autodeterminação que Espanha violentou e cerceou ao longo de séculos e que o Franquismo procurou erradicar, por meio de uma opressão aterradora.

No Grande Dicionário da Língua Portuguesa de José Pedro Machado, o termo violência designa, entre outras opções, “força empregada abusivamente, contra o direito natural”, “constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a praticar, ou a deixar praticar, um acto qualquer”, “qualidade do que actua com força”. Não há, por certo, aqui nenhuma novidade nem na pulsão atávica do género humano para o exercício da violência. É preciso notar que, quando se fala de violência, e para que seja reconhecida como tal, há que ter uma perspectiva geral de todo um processo de modelações primária, secundária, reactiva, etc., que lhe estabelece parâmetros concretos, subliminares e imateriais. É violência lançar uma bomba atómica sobre um país, assim como, em proporções distintas, expropriar outrem do exercício pleno à sua língua oral, em favor de uma língua oficial soberana (como se sabe, a agressão linguística foi exercida de modo impune no continente africano, espaço onde as línguas orais foram violentamente eliminadas pelas chamadas línguas de imprensa, nessa concepção maravilhosamente europocêntrica). Disparar sobre soldados num campo de batalha não é o mesmo que agredir uma mulher no seu quarto. Mas a palavra violência alberga uma miríade de padrões. Seja o que se diga sobre violência, lembremos que a teremos de revestir de critérios sociológicos, militares, políticos, culturais, ideológicos, e, num mundo actual cada vez mais descrente da ideologia, gregários. Certas manifestações de violência, a pretexto de motivação política (de autodeterminação, por exemplo), espelham aquilo que já alguém definiu como “violência sem projecto, narcísica, indiferente”, uma espécie de banditismo profissional, catártico e impulsivo.

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No Grande Dicionário da Língua Portuguesa de José Pedro Machado, o termo violência designa, entre outras opções, “força empregada abusivamente, contra o direito natural”, “constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a praticar, ou a deixar praticar, um acto qualquer”, “qualidade do que actua com força”. Não há, por certo, aqui nenhuma novidade nem na pulsão atávica do género humano para o exercício da violência. É preciso notar que, quando se fala de violência, e para que seja reconhecida como tal, há que ter uma perspectiva geral de todo um processo de modelações primária, secundária, reactiva, etc., que lhe estabelece parâmetros concretos, subliminares e imateriais. É violência lançar uma bomba atómica sobre um país, assim como, em proporções distintas, expropriar outrem do exercício pleno à sua língua oral, em favor de uma língua oficial soberana (como se sabe, a agressão linguística foi exercida de modo impune no continente africano, espaço onde as línguas orais foram violentamente eliminadas pelas chamadas línguas de imprensa, nessa concepção maravilhosamente europocêntrica). Disparar sobre soldados num campo de batalha não é o mesmo que agredir uma mulher no seu quarto. Mas a palavra violência alberga uma miríade de padrões. Seja o que se diga sobre violência, lembremos que a teremos de revestir de critérios sociológicos, militares, políticos, culturais, ideológicos, e, num mundo actual cada vez mais descrente da ideologia, gregários. Certas manifestações de violência, a pretexto de motivação política (de autodeterminação, por exemplo), espelham aquilo que já alguém definiu como “violência sem projecto, narcísica, indiferente”, uma espécie de banditismo profissional, catártico e impulsivo.