“O meu desejo era ter a vacinação nos lares concluída a 6 de Março”

Lino Maia, que representa as instituições de solidariedade, recorda que no ano passado foi a 6 de Março que os lares fecharam e suspenderam visitas. Secretário de Estado da Saúde diz que 4 de Janeiro de 2021 pode ser o dia em que tem início a vacinação nestas estruturas.

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O processo de vacinação contra a covid-19 arrancou neste domingo em Portugal Daniel Rocha

A pergunta sobre quando vai arrancar a vacinação nas estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI) tem sido repetida à ministra da Saúde, mas Marta Temido ainda não avançou com uma data específica, remetendo o início da operação para o mês de Janeiro. Foi isso que disse neste domingo no Porto e que repetiu, já nesta segunda-feira, em Lisboa, numa visita à operação de vacinação contra a covid-19 no Hospital Curry Cabral e no Hospital de Santa Maria, onde admitiu ter a expectativa de poder começar a vacinação nestas estruturas “na primeira semana de Janeiro”. Contudo, salientou, tudo depende da capacidade de entrega da vacina, pelo que este calendário ainda é uma estimativa.​

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A pergunta sobre quando vai arrancar a vacinação nas estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI) tem sido repetida à ministra da Saúde, mas Marta Temido ainda não avançou com uma data específica, remetendo o início da operação para o mês de Janeiro. Foi isso que disse neste domingo no Porto e que repetiu, já nesta segunda-feira, em Lisboa, numa visita à operação de vacinação contra a covid-19 no Hospital Curry Cabral e no Hospital de Santa Maria, onde admitiu ter a expectativa de poder começar a vacinação nestas estruturas “na primeira semana de Janeiro”. Contudo, salientou, tudo depende da capacidade de entrega da vacina, pelo que este calendário ainda é uma estimativa.​

Em entrevista à TSF, Diogo Serra Lopes, secretário de Estado da Saúde, foi mais detalhado, apontando para o dia 4 de Janeiro como a meta para o início de vacinação em lares de idosos e unidades de cuidados continuados. Tal como a ministra, procurou deixar claro que esta previsão assenta no cumprimento das datas de entrega previstas pela farmacêutica: “O que está previsto neste momento  e depende sempre de qual é a data de chegada dos lotes  é que se inicie na semana de 4 de Janeiro. O dia exacto dependerá sempre da chegada das doses.”

Estas ressalvas contribuem para que o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), Lino Maia, prefira ser cauteloso nas expectativas sobre o processo de vacinação nas ERPI. Mas, ainda assim, não esconde uma esperança: “O meu desejo era ter a vacinação nos lares concluída a 6 de Março.”

A data não é aleatória. Foi nesse dia, há um ano, que os lares se fecharam sobre si próprios, suspendendo as visitas, numa tentativa de tentar travar o contágio da covid-19 que, na altura, não ia além das duas dezenas de casos no país. “Não gosto de avançar com expectativas exageradas, porque depois há a desilusão. Mas o meu desejo era ter a vacinação nos lares concluída até 6 de Março, que foi quando os lares foram encerrados e as visitas proibidas. Sei que o processo vai ser moroso, é muita gente, e em Janeiro começará com certeza, mas queria que estivesse feito até 6 de Março e penso que será possível”, disse ao PÚBLICO nesta segunda-feira. 

No domingo, em declarações no Hospital de São João, onde assistiu à aplicação da primeira vacina ao infecciologista António Sarmento, a ministra da Saúde reiterou que a vacinação a profissionais e residentes das ERPI deverá avançar em Janeiro, graças à chegada dos lotes de vacinas previstos — um dos quais, de 70.200 doses de vacinas, já chegou nesta segunda-feira e outros quatro deverão chegar em cada uma das quatro semanas desse mês. “Temos já neste momento um trabalho avançado no sentido da identificação de todas as ERPI e também daquelas onde estão a ocorrer surtos, onde não será indicada a vacinação nesta fase, bem como dos profissionais que irão lá fazer a administração das vacinas em Janeiro”, disse, prometendo informações mais concretas “até ao final da semana”.

Já nesta segunda-feira, Marta Temido afirmou ter “a expectativa de que [a vacinação em lares] se inicie na primeira semana de Janeiro”, acrescentando que “algumas unidades da rede de cuidados continuados integrados” também deverão ser incluídas nesta campanha. “Contudo, como todos sabemos, estamos dependentes das entregas e das condições logísticas complexas. Estamos sempre a trabalhar com calendários estimados”, avisou.

Conforme o PÚBLICO noticiou na semana passada, as estruturas da CNIS, da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e também da Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso (Ali) já estavam a proceder ao levantamento de dados sobre o número de funcionários e residentes nas ERPI espalhadas pelo país. Nesta segunda-feira, Manuel Lemos, da UMP, confirmou que já foi entregue às administrações regionais de saúde “o número de pessoas que devem ser vacinadas”.

Ansiosos por receberem a vacina

Lino Maia diz que as informações que lhe têm chegado é que “o interesse em serem vacinados é enorme” e que há uma verdadeira “ansiedade” entre funcionários, residentes e dirigentes activos, desejosos de receberem a vacina. “Há mesmo ansiedade, por isso não quero dizer que em Janeiro estará tudo pronto, prefiro moderar as expectativas”, justificou. “Conto que antes do segundo semestre de 2020 não haja imunidade de grupo, mas francamente estou confiante. O túnel é grande, mas há já uma luz ao fundo”, conclui.

A primeira tranche de vacinas da BioNTech-Pfizer chegou a Portugal no sábado e começou a ser administrada já neste domingo, a profissionais de saúde de cinco centro hospitalares de Lisboa, Porto e Coimbra. Só no domingo, 4828 profissionais foram vacinados, disse Marta Temido nesta segunda-feira, devendo receber a segunda dose de vacinação a 17 de Janeiro.

Nesta segunda-feira chegou um segundo carregamento, com parte das 70.200 doses de vacinas, que deverão ser disponibilizadas a mais profissionais de saúde, incluindo das regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Contudo, as vacinas para estas regiões, que também serão entregues directamente pela Pfizer, ainda não chegaram às ilhas.​

As vacinas que chegaram nesta segunda-feira deverão começar a ser distribuídas já amanhã “aos demais hospitais do Serviço Nacional de Saúde, para que possam começar a vacinar” os seus profissionais, afirmou a ministra em Lisboa, realçando que ficarão de fora apenas “alguns hospitais especializados”, que não receberam casos de covid-19. Marta Temido disse ainda esperar que seja possível começar “ainda este ano” com a vacinação de profissionais também nos agrupamentos de centros de saúde do país, graças a este lote que agora chegou.​

Já o grosso das vacinas a serem utilizadas nas ERPI deverão chegar em Janeiro, mês em que está prevista a entrega de quatro carregamentos com 79.950 mil doses de vacinas cada. com Miguel Dantas​