Pedro Proença critica decisão do tribunal sobre adepto no “caso Marega”

“Exige-se (e bem) mão firme e celeridade às instâncias de justiça desportivas”, diz Pedro Proença, criticando a decisão judicial que livrou um adepto do Vitória de Guimarães de multa no âmbito do “caso Marega”, relacionado com insultos racistas.

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LUSA/HUGO DELGADO

O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, criticou este sábado a decisão judicial que livrou um adepto do Vitória de Guimarães de multa no âmbito do “caso Marega”, relacionado com insultos racistas.

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O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, criticou este sábado a decisão judicial que livrou um adepto do Vitória de Guimarães de multa no âmbito do “caso Marega”, relacionado com insultos racistas.

“O desporto, e em específico o futebol, tem estado na linha da frente do combate a todas as formas de violência, racismo e intolerância. Exige-se (e bem) mão firme e celeridade às instâncias de justiça desportivas, ao mesmo tempo que se impõem aos promotores a criação de todas as condições para uma eficaz identificação de pessoas a quem tem de ser negado o acesso a espectáculos desportivos”, lançou o dirigente na rede social Facebook.

Segundo Pedro Proença, “decisões como esta do Tribunal da Relação de Guimarães são incompreensíveis e lamentáveis, colocando em causa os esforços e investimentos que todas as instâncias desportivas têm feito na exclusão de comportamentos nocivos do desporto”.

Esta reacção do líder da Liga de clubes surgiu no mesmo dia em que o Jornal de Notícias (JN) noticiou que o referido tribunal anulou a multa a um adepto encapuzado dos minhotos no jogo do “caso Marega”, futebolista do FC Porto que foi vítima de insultos racistas numa partida disputada em meados de Fevereiro.

A Autoridade para a Prevenção e o Combate da Violência no Deporto (APCVD) acusou o adepto de, ao colocar o capuz do casaco, pretender esconder a cara, violando a lei, multando-o em 750 euros, mas o arguido recorreu da condenação na primeira instância e viu agora o Tribunal da Relação de Guimarães dar-lhe razão, de acordo com o JN.

Segundo o diário, os juízes entenderam que o ato de fechar um casaco com capuz incorporado “não é suficiente para o preenchimento do preceito incriminador”, já que é um comportamento que ocorre “na normalidade”, não sendo possível associar “ao propósito de tal acção” que levou à acusação.

Pedro Miguel Carvalho, advogado do adepto, disse ao JN que a acusação “era ridícula” e a multa “injusta”, considerando que a decisão da relação é “uma pequena vitória contra a cruzada justiceira da APCVD contra adeptos do Vitória e o Vitória”. Por seu turno, contactada pelo jornal, a autoridade referiu que “respeita e não comenta decisões das autoridades judiciárias”.

O caso remonta a 16 de Fevereiro último, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, durante o jogo de futebol entre o Vitória de Guimarães e o FC do Porto, a contar para a 21.ª jornada da I Liga de futebol da temporada 2019/20.

Por volta do minuto 70, pouco depois de ter marcado um golo, Marega pediu para ser substituído e acabou mesmo por abandonar o relvado, agastado com cânticos de natureza racista que lhe estavam a ser dirigidos por adeptos do Vitória, com sons a imitar macacos.