Torres de refrigeração de duas indústrias em Matosinhos encerradas por causa da legionella

Surto já fez nove mortos. Esta terça-feira ainda estavam internadas 24 pessoas com a doença do legionário, mas não foi notificado qualquer novo caso de infecção.

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O Hospital Pedro Hispano recebeu o maior número de doentes do surto e regista também o número mais elevado de mortes Rui Oliveira

O funcionamento das torres de refrigeração de duas indústrias em Matosinhos foi suspenso, na quinta-feira da semana passada, como “medida cautelar” por suspeita de estarem na origem do surto de legionella que afectou este concelho, bem como os de Póvoa de Varzim e Vila do Conde desde o final de Outubro, tendo provocado já nove mortes. A informação sobre a suspensão foi prestada esta terça-feira pela Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), depois de ter sido já discutida na Assembleia Municipal de Matosinhos, na noite anterior.

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O funcionamento das torres de refrigeração de duas indústrias em Matosinhos foi suspenso, na quinta-feira da semana passada, como “medida cautelar” por suspeita de estarem na origem do surto de legionella que afectou este concelho, bem como os de Póvoa de Varzim e Vila do Conde desde o final de Outubro, tendo provocado já nove mortes. A informação sobre a suspensão foi prestada esta terça-feira pela Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), depois de ter sido já discutida na Assembleia Municipal de Matosinhos, na noite anterior.

O tema foi levantado pelos grupos municipais da CDU e do Bloco de Esquerda (BE), que pediram explicações à presidente da câmara, Luísa Salgueiro, sobre o surto que fez sete mortos no hospital do concelho, o Pedro Hispano, e dois no Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim e Vila do Conde (CHPVVC). “A presidente da câmara respondeu-me, dizendo que na quinta-feira da semana passada fecharam instalações fabris relacionadas com o surto, mas disse que não podia revelar quais eram as empresas por o caso estar no Ministério Público, disse Ernesto Magalhães, deputado municipal do BE. O PÚBLICO tentou contactar Luísa Salgueiro, mas sem sucesso. Segundo foi possível apurar, a autarca socialista também se referiu ao caso em reunião de câmara, tendo dito, que a origem do surto já teria sido identificada, embora aguardasse ainda confirmação.

Já esta terça-feira, a ARSN anunciou a suspensão de funcionamento das torres de refrigeração de duas indústrias no concelho, pela autoridade de saúde da Unidade de Saúde Local de Matosinhos. Em comunicado, a ARSN diz que esta decisão decorre da investigação epidemiológica e ambiental em curso e acrescenta que “a dispersão geográfica dos casos é compatível com uma eventual fonte ambiental sujeita aos efeitos das alterações climáticas da depressão Bárbara, que se verificou em território nacional durante o período de incubação dos referidos casos”.

Esta quarta-feira não foi notificado qualquer novo caso, existindo, até ao momento, 97 casos identificados, 79 dos quais associados ao surto que afectou aqueles três concelhos e que levou ao internamento de vários doentes no Pedro Hispano, no CHPVVC e também no Centro Hospitalar de S. João, no Porto.

Segundo o balanço de casos desta terça-feira, continuavam internadas 24 pessoas nos três hospitais.

legionella não é contagiosa e contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares. Os sintomas mais graves são similares aos de uma pneumonia grave e o tratamento pode exigir o uso de um ventilador. 

O surto mais grave da doença nos últimos anos aconteceu em 2014, em Vila Franca de Xira, causou 12 mortos e mais de 400 infecções, e teve origem em duas empresas da região, a Adubos de Portugal e a General Electric. com André Borges Vieira