Mortes por legionella sobem para seis, origem do surto ainda por identificar

Morreu mais uma pessoa no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, que ontem já tinha registado três óbitos. As duas outras vítimas da legionella morreram no Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim e Vila do Conde. S. João tem seis internados e nenhuma vítima mortal.

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O Hospital Pedro Hispano, onde morreu mais uma pessoa com a doença do legionário, aumentou recentemente a sua capacidade de cuidados intermédios, por causa da covid-19 Rui Oliveira

O surto de legionella detectado no Norte do país, e que está a ter particular incidência nos concelhos de Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim, causou mais uma morte, fazendo subir para seis o número de óbitos registados. A vítima mais recente é um homem de 75 anos, residente em Matosinhos e que tinha várias doenças associadas. Há 39 pessoas internadas no Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim e Vila do Conde (CHPVVC), no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, e no Centro Hospitalar de S. João, no Porto. A origem do surto continua por identificar. 

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O surto de legionella detectado no Norte do país, e que está a ter particular incidência nos concelhos de Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim, causou mais uma morte, fazendo subir para seis o número de óbitos registados. A vítima mais recente é um homem de 75 anos, residente em Matosinhos e que tinha várias doenças associadas. Há 39 pessoas internadas no Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim e Vila do Conde (CHPVVC), no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, e no Centro Hospitalar de S. João, no Porto. A origem do surto continua por identificar. 

Apesar de os primeiros casos terem sido detectados já a 29 de Outubro, e de as autoridades de saúde estarem a investigar a situação, ainda não foi possível identificar onde é que foi ou está a ser libertada a bactéria Legionella pneumophila, que causa a doença do legionário. As atenções voltam-se para as instalações industriais ou as grandes superfícies comerciais nas áreas afectadas, uma vez que as torres de refrigeração e os ares condicionados destes complexos são susceptíveis a este tipo de contaminação — como aconteceu no surto de Vila Franca de Xira, em 2014 —, mas, até agora, não há qualquer confirmação de que seja essa a origem das infecções. 

Isso mesmo disse ao PÚBLICO fonte da Administração Regional de Saúde do Norte, na tarde desta terça-feira. “As equipas estão a trabalhar na tentativa de localizar a origem, mas ainda não há resultados”, disse.

Nos municípios de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim também não há qualquer informação sobre a origem do surto que está a afectar vários moradores dos dois municípios (além de Matosinhos). “A nossa preocupação neste momento é saber a origem do surto e aguardamos com ansiedade que as autoridades nos dêem informações”, disse fonte da autarquia poveira.

Actualmente estão internadas 13 pessoas no CHPVVC, mais duas do que ontem. Em Matosinhos, onde se registou mais um óbito de uma pessoa com legionella, estão agora internadas 20 pessoas com a doença do legionário. No Hospital de S. João há seis pessoas internadas, duas das quais em cuidados intensivos e nenhum óbito relacionado com esta doença. Com excepção do caso desta terça-feira, as vítimas mortais — quatro no Pedro Hispano e duas no CHPVVC — tinham 85 anos ou mais.

A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse na segunda-feira que entre 29 de Outubro e aquele dia tinham sido identificados 64 casos da doença do legionário na região Norte, 46 dos quais ligados “ao mesmo foco”. “Têm uma localização na região litoral da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, o que indicará uma fonte comum”, acrescentou. 

A doença do legionário não se transmite de pessoa para pessoa e contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminadas (aerossóis) que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares. Os casos mais agudos apresentam sintomas similares aos de uma pneumonia grave, incluindo febre alta, falta de ar ou dores musculares — que podem ser confundidos com os da covid-19. Um surto de uma doença respiratória como esta (em que os casos mais graves podem precisar também de ventiladores), em pleno aumento de casos da covid-19, causa ainda mais pressão sobre os hospitais.