Istambul, um passeio pelos caminhos da História

Memórias de viagem e história pelo leitor Pedro Curto. Istambul é testemunha da ascensão e queda de três impérios: o romano, o bizantino e o otomano.

Foto
Pedro Mota Curto

O barco atravessa o Bósforo, transportando os imensos passageiros da margem asiática para a margem europeia de Istambul, num percurso de cerca de vinte minutos. No andar superior, ao ar livre, a vista é soberba, avistando-se as três zonas que abrigam os mais de vinte milhões de habitantes da cidade de Istambul.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O barco atravessa o Bósforo, transportando os imensos passageiros da margem asiática para a margem europeia de Istambul, num percurso de cerca de vinte minutos. No andar superior, ao ar livre, a vista é soberba, avistando-se as três zonas que abrigam os mais de vinte milhões de habitantes da cidade de Istambul.

O Bósforo é um estreito que tem cerca de 30 quilómetros de comprimento, unindo o Mar Negro ao Mar de Mármara e ao Mediterrâneo. A largura das suas águas escuras e profundas oscila entre os 550 e os 3000 metros. Na sua qualidade de via de comunicação estratégica, separando a Europa da Ásia, há milhares de anos que assiste à navegação de incontáveis embarcações das mais variadas e poderosas civilizações, desde a antiguidade até aos nossos dias.

A cidade de Istambul foi sendo construída, durante milhares de anos, ao longo das suas margens, sendo testemunha da ascensão e queda de três impérios: o romano, o bizantino e o otomano. A Turquia moderna existe desde 1923.

Tradicional e genericamente, Istambul, uma das maiores cidades do mundo, divide-se em três zonas principais, a zona antiga e a europeia, a oeste do Bósforo e a zona asiática, a este do Bósforo.

O estuário denominado Corno de Ouro, separa a zona de ocupação romana e bizantina da zona de antiga influência europeia, onde os comerciantes genoveses se instalaram, pelo menos desde o século XIV. A célebre ponte de Gálata une estas duas zonas, de influência mais ocidental. Dezenas de pescadores, pescam do cimo da ponte, diariamente, dia e noite, utilizando um suporte especial para as suas canas de pesca, preparados para o rigor do clima, se necessário, mantendo os peixinhos vivos, em recipientes com água, supostamente para vender aos inúmeros restaurantes estabelecidos na parte inferior da ponte, de uma margem até à outra. Na sua maioria parecem pequenas anchovas, para fritar, semelhantes a petingas e muito apreciadas na cidade. Um rapaz aparece, vendendo chá aos pescadores. No inverno, faz frio e é necessário aquecer a alma.

De um lado temos as zonas de Eminönü e Süleymaniye, do outro, Gálata e Karakoy, plenas de mesquitas com os seus imponentes e esguios minaretes. Do lado de Gálata, impõe-se a Torre de Gálata, torre de vigia, construída pelos genoveses no século XIV, para observar e detetar os navios inimigos à distância, prevenindo eventuais ataques.

Do alto desta torre, várias vezes alvo de obras de manutenção, tem-se uma visão soberba de uma boa parte desta imensa Istambul, de dia ou de noite.

A zona asiática, com destaque para Üsküdar e Kadiköy, está do outro lado do Bósforo, mais distante, mais difusa. Üsküdar mais tradicional, Kadiköy mais ocidentalizada, com a sua profusão de bons restaurantes, lojas, livrarias, bares e discotecas.

Quando o Império Romano colapsou, no século V, dando início ao processo de formação dos países europeus, a metade oriental do império sobreviveu durante mais mil anos, até 1453. A cidade, capital do Império Romano do Oriente, denominou-se Bizâncio até ao ano 330, sendo depois batizada de Constantinopla, em honra ao Imperador Constantino (responsável pela difusão do Cristianismo), até ao ano de 1453, data em que foi conquistada pelos Otomanos que mantiveram a tolerância em relação aos judeus, aos arménios e aos gregos e não alteraram o nome da cidade. Só em 1930, o nome seria oficialmente alterado para Istambul.

Pedro Mota Curto