Se vires um golfinho ou uma baleia, usa esta app para o registar

Para ajudar os cientistas a estudar os cetáceos em Portugal, o MARE — Centro de Ciências do Mar e do Ambiente criou uma aplicação para registo e identificação de mamíferos marinhos.

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Plataforma CETASEE

O projecto de ciência cidadã CETASEE está a desafiar os portugueses a reportarem avistamentos de mamíferos marinhos, como golfinhos e baleias. A ideia é usar os contributos como forma de potenciar a investigação científica de cetáceos em Portugal. O conceito é simples e depende apenas de três passos: fotografar, registar e validar. O acesso à plataforma pode ser feito aqui ou através da aplicação iNaturalist, disponível para sistemas operativos Android e iOS, gratuitamente

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O projecto de ciência cidadã CETASEE está a desafiar os portugueses a reportarem avistamentos de mamíferos marinhos, como golfinhos e baleias. A ideia é usar os contributos como forma de potenciar a investigação científica de cetáceos em Portugal. O conceito é simples e depende apenas de três passos: fotografar, registar e validar. O acesso à plataforma pode ser feito aqui ou através da aplicação iNaturalist, disponível para sistemas operativos Android e iOS, gratuitamente

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Avistamento de um roaz-corvineiro registado na plataforma por um utilizador. Plataforma CETASEE

Segundo a investigadora Ana Rita Luís, em declarações à publicação Watts On , os resultados já são palpáveis: foram avistados pequenos delfinídeos (como o golfinho-roaz e o boto) e também baleias-de-bico e baleias-de-barbas (cujo estatuto de ameaça ainda se encontra por aferir). De acordo com as estatísticas disponibilizadas no site do projecto, no total já foram inseridos na plataforma mais de 800 identificações, mais de 400 observações e registadas 200 espécies desde o início de 2020.

Ana Rita Luís realça a necessidade que ainda existe de descobrir a biodiversidade marítima portuguesa, nomeadamente os mamíferos aquáticos presentes na costa continental do país. “Os cetáceos são espécies-chave nos ecossistemas marinhos e indicadores de condição devido ao seu papel nas teias tróficas. Ainda assim, o número de estudos dirigidos a este grupo continua a ser reduzido”, explica a investigadora à Watts On.

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Avistamento de um cachalote registado na plataforma por um utilizador. Plataforma CETASEE

Face aos constrangimentos ambientais e financeiros, Ana Rita Luís defende a emergência de “novas estratégias que ajudam a ultrapassar as dispendiosas metodologias aplicadas na investigação de cetáceos”. É aqui que entra, então, a ciência cidadã — uma prática que envolve activamente a população na investigação científica. “A ciência cidadã tem um enorme potencial, sobretudo num contexto de grande expansão dos recursos digitais, sendo uma abordagem já utilizada no estudo de outros organismos marinhos, como tubarões e raias (FindRayShark) ou medusas (GelAVista)”, acrescenta. 

A iniciativa está a ser desenvolvida no pólo ISPA do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, em parceria com a especialista em ciência cidadã Patrícia Tiago, também fundadora da organização não-governamental Biodiversity4all, cujo site agrega o projecto e onde são registadas as observações dos cientistas cidadãos.

Texto editado por Ana Maria Henriques