São muito poucos os alunos que estão a fazer exames do secundário na 2.ª fase

Mudança na finalidade dos exames — que este ano só servem como provas de acesso ao superior — e subida das médias na 1.ª fase fez cair afluência.

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O último exame realiza-se a 7 de Setembro PAULO PIMENTA

A 2.ª fase dos exames nacionais chega ao fim nesta segunda-feira, mas por agora existem já duas certezas: por comparação aos anos anteriores, o número de estudantes que tem realizado as provas é praticamente residual e estas têm sido semelhantes às da 1.ª fase, o que nem sempre costumava acontecer.

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A 2.ª fase dos exames nacionais chega ao fim nesta segunda-feira, mas por agora existem já duas certezas: por comparação aos anos anteriores, o número de estudantes que tem realizado as provas é praticamente residual e estas têm sido semelhantes às da 1.ª fase, o que nem sempre costumava acontecer.

As provas que costumam ser as mais concorridas já estão feitas. A que teve mais alunos foi Matemática A do 12.º ano, mas não foi além de 8512 presenças. No ano passado realizaram o exame de Matemática A da 2.ª fase 19.441 estudantes.

A quebra de afluência já era previsível, uma vez que as médias dos exames na 1.ª fase subiram em geral cerca de três valores, reduzindo-se assim o universo daqueles que costumam tentar a sorte na segunda leva: quem chumbou nas provas anteriores e os que pretendem subir as notas.

Para a redução do número de alunos na 2.ª fase também contribuiu o facto de os exames este ano servirem apenas de provas de acesso ao ensino superior, não contando para a nota final do ensino secundário, o que também levou a uma redução substancial do número de alunos na 1.ª fase: por comparação a 2019, foram realizadas quase menos 100.000 provas.

Para efeitos de acesso ao superior quem faz exames na 2.ª fase também fica catapultado para a segunda fase do concurso nacional, onde geralmente já se encontram esgotadas as vagas para os cursos mais cobiçados.

Os exames de Biologia e Geologia e de Física e Química A do 11.º ano servem precisamente de provas de acesso a vários destes cursos. Na 2.ª fase realizaram o exame de Biologia e Geologia 6607 e 6644 fizeram o de Física e Química A. Em 2019 tinham comparecido, respectivamente, 21.004 e 21.248 alunos.

Este ano a média do exame de Biologia e Geologia da 1.ª fase subiu de 10,7 para 14 valores e o de Física e Química de 10 para 13,2 valores. A Sociedade Portuguesa de Física indicou que metade dos itens da prova realizada esta semana podem ser classificados como muito acessíveis.

Novas questões

Mais reservas tem a Associação de Professores de Português (APP), que volta a repetir a principal crítica que fez ao exame da 1.ª fase: apresentar-se uma “tipologia de questões a que os alunos não estão habituados em provas de exame”.

Está em causa de novo a Parte A do Grupo I. Na prova de Julho pedia-se que os alunos relacionassem características de duas obras de Eça de Queirós, no exame desta quarta-feira propunha-se o mesmo, mas com duas obras de José Saramago (O Ano da Morte de Ricardo Reis e Memorial do Convento). “São questões exigentes do ponto de vista da interpretação, implicando leitura inferencial. Não está em causa a pertinência das questões, mas o facto de os alunos não estarem habituados a esta tipologia de questões em provas de exame”, frisa a APP no seu parecer.

Português foi uma das disciplinas que teve uma subida mais modesta na média dos exames de Julho: passou de 11,8 para 12 valores.

Já História A, também do 12.º ano, subiu de 10,4 para 13,4 valores. Quanto ao exame da 2.ª fase, a Associação de Professores de História (APH) destaca que, à semelhança de anos anteriores, não concorda “com a opção de se valorizar de igual modo, os itens de selecção e os de composição”, uma vez que estes últimos “possuem um grau de exigência muito maior”. “Mantemos também a crítica que temos vindo a fazer à cotação atribuída ao item de desenvolvimento. Este apresenta uma cotação demasiado baixa quando comparada com as dos restantes itens, tendo em conta o tipo de raciocínio que é exigido e o nível de competências específicas e de conteúdos a mobilizar”, aponta também a APH.

Este ano, para minorar os efeitos do encerramento das escolas, os exames foram divididos em duas componentes: uma cuja pontuação conta obrigatoriamente para a nota final da prova e outra na qual só serão repescados os itens com melhores resultados. Todos as perguntas desta segunda parte têm sido cotadas por igual, o que no caso do exame de História A incluiu o item de desenvolvimento.