Ricardo “Fox”, pioneiro dos esports portugueses, quer que as empresas “abram os olhos”

É um dos nomes mais reconhecíveis do sector de esports em Portugal. Com 33 anos, continua a sentir-se “em forma”, mas já sabe o que vai fazer quando parar: “Tenho uns planos para quando deixar de jogar, para dar um empurrão a isto.”

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Red Bull Athlete Summit 2019

É um dos portugueses que há mais tempo assume um lugar de destaque nos esports e gostava de “abrir os olhos” às empresas para captar maior investimento.

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É um dos portugueses que há mais tempo assume um lugar de destaque nos esports e gostava de “abrir os olhos” às empresas para captar maior investimento.

Ricardo “Fox” Pacheco é um dos nomes mais reconhecíveis do sector de esports em Portugal, tendo começado a destacar-se em Counter Strike ainda no “velhinho” 1.6, antes da chegada do “CS” Global Offensive, que veio “modernizar” o videojogo de estratégia e tiro na primeira pessoa (em inglês, “first person shooter”, ou FPS).

Passou por equipas como a k1ck, a G2 Esports ou outros emblemas de destaque internacional, como em 2016, quando esteve em bom plano no Major, um dos torneios mais prestigiados dos esports, desse ano, em Columbus, nos Estados Unidos, ao serviço da FaZe Clan.

Desde 2018 que é “capitão” da espanhola Giants, onde lidera um elenco de jogadores portugueses, acumulando títulos e participações em competições europeias. Natural de Guimarães, “Fox” desafia a habitual pouca durabilidade das carreiras nos desportos digitais, que vão dando os primeiros passos há cerca de duas décadas, e continua a sentir-se “em forma” aos 33 anos. “Pioneiro sou, e serei sempre. Não é para me gabar, quem me conhece sabe que não sou disso, mas é um facto. Em 20 anos, todos deixaram de jogar e eu senti que tinha futuro nisto, mesmo a nível internacional. Nunca desisti, tive a minha oportunidade e agarrei-a. Fui o único a jogar nas melhores equipas de CS no mundo”, comenta à Lusa.

O peso dos feitos deixa-o “na obrigação de ajudar a que mude um bocado”. “Tenho uns planos para quando deixar de jogar, para dar um empurrão a isto, para ver se as empresas começam a abrir os olhos”, atira. “Se [as empresas] não investem, é por falta de conhecimento. O pessoal poderia apostar muito mais nas equipas portuguesas, é um mundo com muita adesão e é o futuro da televisão, vai ser tudo à volta dos streams. Dinheiro não falta nas grandes empresas, por isso é falta de conhecimento”, afirma o profissional.

Com várias passagens por equipas estrangeiras, “Fox” assegura que a nível global a indústria “envolve números abissais”, e que mesmo surgindo algumas empresas que já apoiam no financiamento de equipas, torneios ou outras organizações, ainda falta outro tipo de investimento que possa segurar os melhores valores portugueses no país. “Já jogo isto há 20 anos e há 20 anos que digo a mesma coisa. (...) Continuo a acreditar que um dia estas grandes marcas vão apostar, mas já ando a dizer isto há 20 anos...”, desabafa.

Considera ainda ter muito para dar como jogador, enquanto líder de formação, num ano em que começou por escolher “jogadores promessa” para a equipa espanhola Giants, por quem compete em várias competições, entre elas a Master League Portugal e outros torneios em solo nacional.

Assim, e perante a saída de alguns elementos, que formaram a SAW, a equipa não conseguiu segurar o título que trazia da época anterior, o que levou a equipa, que lidera ao lado do treinador Vasco Santos, a “mudar o alinhamento”, com a entrada de Francisco “obj” Ramos e Rui “Rizz” Lima, que são “conhecidíssimos na cena portuguesa”, prevendo “um futuro mais risonho”.

Apesar da desilusão na Master League, perdida para os SAW, equipa recém-formada que não perdeu qualquer encontro, os Giants conseguiram, ainda assim, uma subida de divisão na ESEA Advanced, um torneio internacional organizado pela Esports Entertainment Association (ESEA), ao vencer a polaca Pompa na final da S34 (a edição em causa).

A jogar, espera “um futuro mais risonho” ainda em 2020, sem torneios presenciais, pelo menos para já, devido à pandemia de covid-19, que ainda assim não lhe afectou a rotina profissional de treinar e participar em competições, mas offline, e sem previsões de abandonar o desporto, mas com a garantia de que vai estar “sempre ligado” ao CS.