A Vincent Martino nada do que é humano lhe é estranho

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No dia em que me acerco pela primeira vez da varanda do hotel, reparo neste terraço deserto, pardacento, as bravas ondas do mar ecoando toda uma aura de abandono. “Já vi isto em algum filme”. Nos dias seguintes, sempre que, pela tardinha, regresso ao quarto, a mesma desconfiança, a mesma estranha impressão de familiaridade. Até ao dia em que, quando observo as fotografias de Américo Thomaz inaugurando o hotel (justamente conhecido como “o corta-fitas” do ditador), desloco o olhar para a porta da entrada do bar e, à esquerda, um enorme poster: O ESTADO DAS COISAS. Mas claro, este é o terraço em que Allen Garfield e Patrick Bauchau tentam acabar um filme para o qual não há dinheiro, onde J. P. Getty III, de headphones nos ouvidos e cigarro nos lábios, bate poesia à mão numa Underwood...

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No dia em que me acerco pela primeira vez da varanda do hotel, reparo neste terraço deserto, pardacento, as bravas ondas do mar ecoando toda uma aura de abandono. “Já vi isto em algum filme”. Nos dias seguintes, sempre que, pela tardinha, regresso ao quarto, a mesma desconfiança, a mesma estranha impressão de familiaridade. Até ao dia em que, quando observo as fotografias de Américo Thomaz inaugurando o hotel (justamente conhecido como “o corta-fitas” do ditador), desloco o olhar para a porta da entrada do bar e, à esquerda, um enorme poster: O ESTADO DAS COISAS. Mas claro, este é o terraço em que Allen Garfield e Patrick Bauchau tentam acabar um filme para o qual não há dinheiro, onde J. P. Getty III, de headphones nos ouvidos e cigarro nos lábios, bate poesia à mão numa Underwood...