A famigerada “disrupção”

Uma palavra latina, mas que chegou até nós recentemente por via da língua inglesa, irrompeu de maneira poderosa: a palavra “disrupção”. Diz o Cambridge Dictionary que a palavra pertencia originalmente ao vocabulário da medicina, mas hoje tem um uso frequente e até imoderado em diferentes áreas do discurso — da tecnologia à economia, da sociologia à psicologia — e já começa a entrar na linguagem corrente. Não admira: a palavra refere-se a algo que se tornou comum, designa fenómenos de mudança e transformação que operam cortes súbitos e aceleram o curso do mundo. É muito curioso que a palavra tenha perdido as conotações pejorativas que tinha inicialmente, em inglês. Sob a condição “disruptiva” nada se sedimenta. Se quisermos imaginar um domínio resistente à lógica da disrupção, pensamos tem primeiro lugar na filologia, entendida no sentido nietzschiano da “arte de ler devagar”.

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Uma palavra latina, mas que chegou até nós recentemente por via da língua inglesa, irrompeu de maneira poderosa: a palavra “disrupção”. Diz o Cambridge Dictionary que a palavra pertencia originalmente ao vocabulário da medicina, mas hoje tem um uso frequente e até imoderado em diferentes áreas do discurso — da tecnologia à economia, da sociologia à psicologia — e já começa a entrar na linguagem corrente. Não admira: a palavra refere-se a algo que se tornou comum, designa fenómenos de mudança e transformação que operam cortes súbitos e aceleram o curso do mundo. É muito curioso que a palavra tenha perdido as conotações pejorativas que tinha inicialmente, em inglês. Sob a condição “disruptiva” nada se sedimenta. Se quisermos imaginar um domínio resistente à lógica da disrupção, pensamos tem primeiro lugar na filologia, entendida no sentido nietzschiano da “arte de ler devagar”.