Cartuxa de Évora revela pela 1ª vez os rituais dos monges

O ciclo que arranca no próximo sábado vai ser orientado para “a descoberta dos rituais, dos hábitos e dos exercícios espirituais que pontuaram o quotidiano da vida dos monges” que habitaram o mosteiro.

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RG - Rui Gaudencio

O Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli (Escada do Céu), em Évora, conhecido como Convento da Cartuxa, vai receber visitas guiadas, a partir de sábado, o que acontece pela primeira vez desde a sua reconstrução como eremitério, em 1960.

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O Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli (Escada do Céu), em Évora, conhecido como Convento da Cartuxa, vai receber visitas guiadas, a partir de sábado, o que acontece pela primeira vez desde a sua reconstrução como eremitério, em 1960.

O ciclo de visitas, com entrada gratuita, mas que requer marcação prévia, decorre até 19 de Setembro, revelou esta terça-feira, em comunicado, a Fundação Eugénio de Almeida (FEA), responsável pela Cartuxa de Évora.

“Pela primeira vez desde a sua reconstrução como eremitério, em 1960, a FEA promove um ciclo de visitas guiadas ao Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli -- a Cartuxa de Évora”, destacou a instituição.

A FEA é responsável pelo Convento da Cartuxa não apenas enquanto “património histórico, artístico e arquitectónico de grande valor”, mas também enquanto este foi o único mosteiro contemplativo masculino de Portugal, até Outubro do ano passado, quando foi aberta a clausura dos últimos quatro monges, que se despediram da comunidade e viajaram para Espanha.

O Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli (Escada do Céu), situado na periferia de Évora, vai passar a ser ocupado por monjas do Instituto das Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará, segundo anunciou já o arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho.

Local de oração e contemplação, o mosteiro “foi, durante os últimos 60 anos, um espaço inacessível marcado pela clausura, silêncio e contemplação”, tal como que determinam os Estatutos da Ordem da Cartuxa, realçou a FEA.

“Por esta razão, nos meses que separam a partida da comunidade de cartuxos e o acolhimento das irmãs do Instituto das Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará -- o ramo feminino da Família Religiosa do Verbo Encarnado -- a Fundação Eugénio de Almeida promove um ciclo de visitas guiadas”, acrescentou.

O ciclo que arranca no próximo sábado, com uma visita marcada para as 08:00 horas, vai ser orientado para "a descoberta dos rituais, dos hábitos e dos exercícios espirituais que pontuaram o quotidiano da vida dos monges" que habitaram o mosteiro, indicou a FEA.

“O mosteiro faz parte do imaginário da cidade de Évora. A esfera de misticismo que envolve este espaço desperta a curiosidade do público”, que agora o vai poder visitar, destacou Maria do Céu Ramos, da FEA.

As visitas vão ser conduzidas pelo arquitecto e investigador Luís Ferro, que privou durante dez anos com a comunidade residente neste eremitério alentejano.

Com construção iniciada em 1587, o Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli foi o primeiro eremitério da Ordem da Cartuxa a ser construído em Portugal, tendo tido diferentes utilizações, ao longo do tempo.

Foi Hospício de Donzelas Pobres de Évora, Escola Agrícola Regional e centro de lavoura da Casa Agrícola Eugénio de Almeida, acabando por recuperar a sua função religiosa em 1960, “graças à forte convicção cristã e à profunda dedicação de Vasco Maria Eugénio de Almeida, Conde de Vill"Alva, à comunidade de Évora”, relatou a FEA.

As visitas guiadas acontecem, além deste sábado, nos dias 22 de Agosto (08h00) e 05 e 19 de Setembro (às 19:00), cada uma com uma lotação máxima de 15 pessoas.