Manifestações na sexta-feira e sábado contra morte de actor Bruno Candé e pelas vítimas do racismo

Os protestos vão decorrer em Lisboa, Coimbra, Porto e Braga. Da organização fazem parte a família do actor e grupos anti-racistas e do movimento negro. Actor foi assassinado em plena Avenida de Moscavide no sábado, suspeito homicida está preso preventivamente.

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Bruno Candé foi assassinado no passado sábado em Moscavide DIOGO VENTURA

Este fim-de-semana o actor Bruno Candé, assassinado no sábado em Moscavide, será homenageado em vários locais. Para sexta-feira está marcada uma concentração no Largo de São Domingos, em Lisboa, às 18h, organizada por colectivos anti-racistas e movimentos negros sob o chapéu O racismo matou de novo: justiça por Bruno Candé. Da organização fazem parte a família do actor e grupos como o SOS Racismo, Afrolis, Djass, Consciência Negra, Femafro, os núcleo anti-racistas do Porto e de Coimbra, INMUNE, Aurora Negra, entre outros.

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Este fim-de-semana o actor Bruno Candé, assassinado no sábado em Moscavide, será homenageado em vários locais. Para sexta-feira está marcada uma concentração no Largo de São Domingos, em Lisboa, às 18h, organizada por colectivos anti-racistas e movimentos negros sob o chapéu O racismo matou de novo: justiça por Bruno Candé. Da organização fazem parte a família do actor e grupos como o SOS Racismo, Afrolis, Djass, Consciência Negra, Femafro, os núcleo anti-racistas do Porto e de Coimbra, INMUNE, Aurora Negra, entre outros.

No mesmo dia há também uma concentração em Coimbra na Praça 8 de Maio, às 18h30, e em Beja, no centro, às 18h. Para sábado estão marcadas concentrações no Porto, na Avenida dos Aliados, às 16h, e em Braga, à mesma hora, na Avenida Central. A Frente Unitária Anti-fascista refere que se associou às manifestações.

Em comunicado divulgado na página de Facebook, a organização escreve: “Em menos de um ano, o actor Bruno Candé e o estudante Luís Giovani foram mortos por racistas e Cláudia Simões foi barbaramente espancada. Estas mortes e agressões são consequência da cumplicidade das políticas de Estado, nos seus discursos coniventes, nas suas práticas de reiteração e na sua recusa de criar leis de combate efectivo ao racismo. O racismo matou de novo, neste ano em que passam precisamente 25 anos do assassinato de Alcino Monteiro, às mãos de neonazis. Enquanto expressões como ‘preto vai para a tua terra’ e ‘é preto, mas...’ for discurso corrente, sem freio, nas trocas coloquiais, das ruas, às caixas de comentários e ao parlamento, o racismo matará. Enquanto o Estado fingir que Portugal é um país étnica e culturalmente homogéneo, que não vê cores e que não há discriminação em função da pertença étnico-racial, o racismo matará.”

Acrescentam: "Exigimos justiça por Bruno Candé e por todos e todas que foram assassinados e violentados pelo racismo estrutural. Exigimos que os filhos de Bruno Candé, agora órfãos de pai, tenham do Estado todo o apoio para que possam reconstruir as suas vidas sem privação que não seja a do seu pai.​”

Bruno Candé “foi alvejado à queima-roupa”. O assassinato ocorreu em plena Avenida de Moscavide, no sábado, alegadamente por um homem de 76 anos que foi constituído arguido e está em prisão preventiva, por homicídio qualificado e posse de arma ilegal. O actor era casado e tinha três filhos menores. Na quarta-feira, vários comerciantes da zona ouviram Bruno Candé ser alvo de insultos racistas proferidos pelo arguido, que terá também ameaçado matá-lo. Uma testemunha ouviu: ““Tenho armas do Ultramar e vou-te matar” e mais insultos como “‘Preto do c******, vai para a tua terra!’, coisas que ouvimos chamar normalmente.”  

Também na terça-feira, o grupo Acção Cooperativa — Artistas, Técnicos e Produtores, uma entidade que surgiu na área da cultura, em contexto de resposta à crise provocada pela pandemia, colocou online uma petição na qual exige ao Governo a disponibilização de um subsídio vitalício para a família de Bruno Candé. Estão também a ser recolhidos donativos para a organização do funeral e para ajudar os filhos de sete, cinco e quatro anos. 

O actor iniciou o percurso no grupo de teatro da Casa Pia e frequentou posteriormente a formação do Chapitô, onde participou em vários espectáculos.

Bruno Candé trabalhava, desde 2011, com a Casa Conveniente, de Mónica Calle, onde participou no espectáculo “A Missão -- Recordações de uma Revolução”, de Heiner Müller, que foi distinguido com o prémio de Melhor Espectáculo do Ano, em 2012, pela Sociedade Portuguesa de Autores. O actor também fez parte do elenco de várias telenovelas, como a Única Mulher, da TVI.

Notícia corrigida: ao contrário do que se escrevia não é a Frente Unitária Anti-fascista a organizadora do evento.