Ministra anuncia reforços para o SNS mas não revela plano para o Inverno

Mais testes, mais médicos, mais camas nos cuidados intensivos. A ministra da Saúde deixou algumas medidas no estado da nação mas não explicou como as autoridades de saúde estão a preparar o Inverno, altura em que pode haver uma segunda vaga.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

A ministra da Saúde anunciou nesta sexta-feira algumas medidas de reforço da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), perante uma pandemia que veio para ficar e cuja evolução faz crescer os receios de uma nova onda quando se iniciar o Outono/Inverno. No entanto, para já não são conhecidos planos do Governo que, num cenário de agravamento da pandemia, tentem conter a crise sanitária e, ao mesmo tempo, mitiguem um novo encerramento da economia que atravessa uma situação difícil. 

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A ministra da Saúde anunciou nesta sexta-feira algumas medidas de reforço da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), perante uma pandemia que veio para ficar e cuja evolução faz crescer os receios de uma nova onda quando se iniciar o Outono/Inverno. No entanto, para já não são conhecidos planos do Governo que, num cenário de agravamento da pandemia, tentem conter a crise sanitária e, ao mesmo tempo, mitiguem um novo encerramento da economia que atravessa uma situação difícil. 

No debate do estado da nação, Marta Temido tentou passar duas mensagens: a de que a aposta no SNS feita ainda antes da crise provocada pelo novo coronavírus estava certa e a de que o SNS vai continuar a ser reforçado para dar resposta a uma pandemia que está longe de desaparecer. 

Neste último ponto, a governante deu conta de quatro opções do executivo. Primeiro: “Estamos a trabalhar com a Ordem dos Médicos para duplicar o número de vagas para a formação médica especializada em saúde pública excepcional e imediatamente”, disse a ministra, que recordou que o país possui apenas 263 especialistas de saúde pública, com média etária de 59 anos. 

Além disso, Marta Temido assumiu o compromisso de, apenas na rede pública de laboratórios do Estado, atingir “20 mil testes até ao final do ano”. O aumento do número de pessoas testadas é visto como essencial no combate à propagação da doença, já que pode ajudar a conter cadeias de transmissão.

Em terceiro lugar, a governante destacou a importância de continuar a reforçar o número de camas disponíveis nos cuidados intensivos e, por fim, destacou a necessidade de ter ao seu dispor as verbas aprovadas no Parlamento no âmbito do Orçamento Suplementar. “Temos, com a promulgação do Orçamento Suplementar, para usar agora até ao final do ano o plano excepcional de contratação da actividade adicional de primeiras consultas hospitalares e de cirurgias com remuneração directa e majorada aos profissionais de saúde”.

Apesar da importância do reforço da capacidade de resposta do SNS, a ministra não deixou ideia do que serão as orientações das autoridades de saúde perante uma segunda vaga. E se, na primeira, as autoridades impuseram um confinamento à população, que levou as pessoas a ficar em casa e ao encerramento de partes significativas da economia, para uma possível segunda vaga não são conhecidos os planos do Governo.

No orçamento suplementar, o Governo estimou que a economia cai este ano 6,9%, mas a queda pode ser maior. No mesmo debate, a ministra da Presidência disse que a crise vai ser “muito dura” e que o caminho da recuperação “não durará apenas um ano”. Ou seja, será pouco provável que o Governo queira que a economia volte a fechar numa segunda vaga. Mas para isso é preciso um plano que contenha a pandemia sem penalizar a economia. com Liliana Borges