Luís Filipe Vieira e Benfica SAD também são investigados por branqueamento de capitais, diz PGR. Clube nega

PGR avança que, para além das investigações fiscais, também está em causa branqueamento de capitais. Advogados do Benfica desmentem. Presidente e CEO não terão sido confrontados com estas suspeitas quando foram ouvidos, apurou o PÚBLICO.

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Luís Filipe Vieira LUSA/TIAGO PETINGA

A investigação que levou à constituição como arguidos do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e da SAD do clube, incidiu sobre fraude fiscal, mas também sobre branqueamento de capitais, adiantou ao PÚBLICO a Procuradoria-Geral da República (PGR) esta quarta-feira. 

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A investigação que levou à constituição como arguidos do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e da SAD do clube, incidiu sobre fraude fiscal, mas também sobre branqueamento de capitais, adiantou ao PÚBLICO a Procuradoria-Geral da República (PGR) esta quarta-feira. 

“Clarifica-se que as diligências tiveram lugar no âmbito de um inquérito onde se investigam os crimes de fraude fiscal e branqueamento”, escreve a PGR, um dia depois de ser confirmada a constituição como arguidos de Luís Filipe Vieira e do administrador Domingos Soares de Oliveira, enquanto representantes legais da Benfica SAD e da Benfica Estádio.

O Benfica, porém, nega as novas informações avançadas pela PGR. Luís Filipe Vieira e Domingos Soares de Oliveira não terão sido confrontados com estas suspeitas de branqueamentos de capitais durante as audições em que ficaram a par da sua condição de arguidos no processo, apurou o PÚBLICO, sendo que nos documentos de imputação dos dirigentes constam apenas os alegados crimes de fraude fiscal.

As novas alegações motivaram as “águias” a fazer um desmentido público na noite desta quarta-feira. Num comunicado assinado pelos advogados das “águias” – João Medeiros, Paulo Saragoça da Matta e Rui Patrício –, o Benfica diz que as suspeitas de branqueamento de capitais não se encontram neste processo. "Impõe-se-nos como interesse superior e muito urgente esclarecer agora, publicamente, que a imputação feita e comunicada, nos termos e com as consequências legais, é de alegado crime de fraude fiscal. Nada mais”, pode ler-se no comunicado.

As investigações estão integradas na Operação Saco Azul, onde as autoridades suspeitam que o Benfica terá obtido “vantagem patrimonial indevida” nos anos 2016 e 2017. No comunicado enviado à CMVM, os “encarnados” esclarecem que estarão em jogo 600 mil euros.

As investigações desta operação tiveram início em 2018, com as autoridades a suspeitarem que tivessem sido retirados dos cofres dos “encarnados” mais de 1,8 milhões de euros, que acabariam depois por ser levantados em numerário. Este dinheiro sairia do clube através de prestações de serviço fictícias com várias empresas, uma das quais da área da informática. 

Ao PÚBLICO, fonte oficial dos “encarnados” confirmou na terça-feira que a SAD do Benfica era um dos dois arguidos colectivos cuja constituição foi revelada pela PGR. A mesma fonte disse que os advogados dos “encarnados” apresentaram um requerimento, a fim de saberem se o processo está em segredo de justiça, ressalvando que em causa estava um processo de crime fiscal, relacionado com o IRS e o IRC das contas do clube. 

Antes, a CMVM suspendeu a negociação de acções da Benfica SAD, por aguardar divulgação de informação relevante ao mercado, tendo levantado a acção após esclarecimento daquela entidade.

O inquérito é dirigido pelo Ministério Público (MP) do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP).