Portugal com mais população pela primeira vez em dez anos — graças à imigração

Aumento deve-se às migrações. Saldo entre nascimentos e mortes continua negativo, pelo 11.º ano consecutivo. Segundo o INE, no ano passado metade das pessoas a viver em Portugal tinha mais de 45,5 anos. Índice de envelhecimento cresceu e é de 163,2 idosos por cada 100 jovens.

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Daniel Rocha

Pela primeira vez desde 2009, a população de Portugal registou uma taxa de crescimento efectivo positivo, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE), no boletim Estimativas da População Residente em Portugal 2019. No ano passado, metade das pessoas a viver em Portugal tinha mais de 45,5 anos, “um acréscimo de 4,3 anos em relação a 2009”. O índice de envelhecimento também cresceu: por cada 100 jovens há 163,2 idosos.

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Pela primeira vez desde 2009, a população de Portugal registou uma taxa de crescimento efectivo positivo, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE), no boletim Estimativas da População Residente em Portugal 2019. No ano passado, metade das pessoas a viver em Portugal tinha mais de 45,5 anos, “um acréscimo de 4,3 anos em relação a 2009”. O índice de envelhecimento também cresceu: por cada 100 jovens há 163,2 idosos.

Segundo os dados do INE, divulgados nesta segunda-feira, as estimativas apontavam para que no final do ano passado residissem em Portugal 10.295.909 pessoas, mais 19.292 do que em 2018. “A taxa de crescimento efectivo foi, assim, positiva (0,19%), após nove anos de decréscimo populacional”, salienta o documento, que também explica que o acréscimo populacional “resultou do aumento do saldo migratório (de 11.570 em 2018 para 44.506 em 2019), já que o saldo natural (diferença entre nascimentos e mortes) se manteve negativo (-25.214 em 2019)” – “pelo 11.º ano consecutivo”.

A região norte concentra 34,7% do total da população residente, seguida pela Área Metropolitana de Lisboa e pelo Centro, com 27,8% e 21,5% da população total, respectivamente. Estas foram também as três áreas, juntamente com a Madeira, que mais contribuíram para o aumento da população em 2019. “A maior contribuição foi da Área Metropolitana de Lisboa, onde o número de habitantes aumentou 16.940, correspondendo a uma taxa de crescimento efectivo de 0,59%”, diz o boletim.

Quanto ao saldo migratório, resultou do acréscimo em 68,5% da imigração permanente (de 43.170 em 2018 para 72.725 em 2019), e da diminuição em 10,7% da emigração permanente (de 31.600 em 2018 para 28.219 em 2019). O número de emigrantes temporários é superior ao de emigrantes permanentes.

“Em 2019, a população masculina residente em Portugal foi estimada em 4.859.977 e a população feminina em 5.435.932. A relação de masculinidade foi de 89,4 homens por 100 mulheres, reflectindo um maior desequilíbrio entre os volumes populacionais dos dois sexos, por comparação com 2009, ano em que esta relação era de 91,9 homens por 100 mulheres”, refere o INE. É acima dos 65 anos que o número de homens “é significativamente inferior ao de mulheres, em resultado da maior mortalidade na população masculina”, mas a diferença está a diminuir.

Envelhecimento sobe

No ano passado, metade das pessoas residentes em Portugal tinha mais de 45,5 anos. O envelhecimento voltou a acentuar-se. O índice de envelhecimento (compara a população com 65 e mais anos com a dos zero aos 14 anos) atingiu “o valor de 163,2 idosos por cada 100 jovens em 2019”. Em 2009, por cada 100 jovens residiam em Portugal 119,3 idosos.

É no Alentejo que o índice de envelhecimento é mais elevado — por cada 100 jovens residiam 206,1 idosos —, logo seguido pela região centro: 203,6 idosos por cada 100 jovens. Os Açores estão na ponta oposta, com mais jovens do que idosos (97,2 idosos por 100 jovens).

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O INE recorda, usando dados do Eurostat, que em 2018 “Portugal tinha a terceira idade mediana mais elevada da União Europeia, situada em 45,2 anos, apenas abaixo da Itália (46,7 anos) e da Alemanha (46,0 anos)”. Foi também o país, “imediatamente a seguir a Espanha, em que a idade mediana mais aumentou na última década (4,4 anos; 4,6 anos em Espanha)”.

Nos últimos dez anos, o número de pessoas com 65 ou mais anos aumentou 350.028 e o número de jovens diminuiu 221.008. O número de pessoas em idade activa (dos 15 aos 64 anos) também diminuiu, em 406.590, o que fez subir o índice de dependência total. “Desde 2010, o número de pessoas em idade potencial de saída do mercado de trabalho não é compensado pelo número de pessoas em idade potencial de entrada no mercado de trabalho”, diz o INE.

Mães mais velhas

Depois ter atingido o valor mínimo em 2013, com 1,21 filhos por mulher em idade fértil, o índice sintético de fecundidade tem registado “ligeiras recuperações anuais” desde 2014. No ano passado atingiu 1,42 filhos por mulher em idade fértil.

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Foi no Algarve que se registou o número médio de filhos por mulher em idade fértil mais elevado: 1,76. A Área Metropolitana de Lisboa registou o segundo valor mais elevado: 1,74 filhos por mulher em idade fértil. O Alentejo (1,43 filhos) também esteve acima da média nacional. O índice sintético de fecundidade mais baixo verificou-se na Madeira (1,15).

As mulheres também estão a ser mães mais tarde. A idade média ao nascimento do primeiro filho foi de 29,9 anos, mais dois anos relativamente a 2009. Já a idade média das mulheres ao nascimento de um filho foi de 31,4 anos, mais 1,7 anos que em 2009.

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