Inspector que ia testemunhar sobre governador de Cuanza Sul foi assassinado em Luanda

Contrato estabelecido entre Job Capapinha e empresa de aluguer de automóveis está a ser investigado pela PGR angolana. Governador de Cuanza Sul exonerou cinco membros do seu gabinete, sem justificar o motivo.

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Eduardo Rodrigues, 35 anos, foi baleado à queima-roupa em Luanda AMPE ROGÉRIO

O inspector-geral das Finanças da província angolana de Cuanza Sul, Eduardo Rodrigues, foi assassinado no passado domingo, no município de Cazenga, em Luanda. Segundo o Novo Jornal, Eduardo Rodrigues deveria ter testemunhado na quarta-feira, no âmbito de uma investigação em curso por gestão danosa que envolve Job Capapinha, governador da província de Cuanza Sul.

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O inspector-geral das Finanças da província angolana de Cuanza Sul, Eduardo Rodrigues, foi assassinado no passado domingo, no município de Cazenga, em Luanda. Segundo o Novo Jornal, Eduardo Rodrigues deveria ter testemunhado na quarta-feira, no âmbito de uma investigação em curso por gestão danosa que envolve Job Capapinha, governador da província de Cuanza Sul.

O assassínio está a ser investigado pelo Serviço de Investigação Criminal angolano. Segundo o Jornal de Angola, Eduardo Rodrigues, 35 anos, foi baleado à queima-roupa por dois homens que passaram de mota, enquanto saía de um estabelecimento comercial, acompanhado por outra pessoa, cuja identidade não foi revelada, que escapou sem ferimentos.

A morte do inspector-geral das Finanças da província de Cuanza Sul surge numa altura em que Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana instaurou um inquérito relacionado com o aluguer de duas viaturas para os vice-governadores da província, avaliados em 191 mil kwanzas (mais de 295 euros) diários, para o período de um ano. O acordo para a prestação desse serviço terá sido assinado entre o Governo da província, liderado por Job Capapinha, e uma empresa pertencente a um cidadão mauritano. 

Enquanto decorre a investigação, o governador da província de Cuanza Sul exonerou cinco elementos do seu gabinete, entre eles Gildo Ferreiro, director do gabinete do governador, e Bernardino Lopes, director-adjunto, noticia a agência Lusa, que teve acesso ao documento. Os motivos que estiveram na origem das exonerações não foram revelados.

Os dois inquéritos relativos ao aluguer de viaturas estão, de acordo com a PGR angolana, em “fase conclusiva” e são esperados desenvolvimentos nos próximos dias. “Se se determinar que houve algum dano ao património publico, os autores serão responsabilizados criminalmente”, garantiu Álvaro João, porta-voz da PGR. Decorre ainda uma outra investigação sobre uma casa que serve de residência para o Governo da província de Cuanza Sul em Luanda.

Confrontado com as acusações de gestão danosa, Job Capapinha escusou-se a fazer comentários. “Vamos esperar que a justiça faça o seu trabalho, sob pena de sermos conotados por estar a obstruir o processo judicial. Vamos pronunciar-nos depois”, afirmou em declarações ao Novo Jornal