Conte: “Estamos a escrever História, não um manual de Economia”

Primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte deu uma entrevista ao canal televisão alemão ARD, em que explicou que os “coronabonds” não implicariam dívida antiga de Roma. E recordou que nenhum país está imune à epidemia e à crise por ela criada.

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LUSA/Palazzo Chigi

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, voltou ontem a convocar a Europa para uma acção conjunta contra o coronavírus.

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O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, voltou ontem a convocar a Europa para uma acção conjunta contra o coronavírus.

Em entrevista ao canal televisivo alemão ARD, Conte explicou que os “coronabonds” — títulos de dívida europeus que poderiam ser emitidos de forma conjunta especificamente para o contexto da pandemia do novo coronavírus — não iriam exigir que os cidadãos alemães pagassem a dívida italiana acumulada no passado.

O que está em causa, disse, citado pelo site Euroactiv, seria a mutualização de nova dívida gerada para lutar contra a pandemia de covid-19.

Reconhecendo que a opinião pública germânica sobre este assunto — como Berlim — pode discordar da visão de Roma, Conte foi claro — “gostaria de dizer a todos os cidadãos alemães: não estamos a escrever uma página de um manual de Economia, mas uma página de um livro de História”.

Para o primeiro-ministro italiano, que no último Conselho Europeu se insurgiu contra a falta de resposta concertada do bloco económico — os “coronabonds” iriam criar condições favoráveis de mercado para financiar os esforços de recuperação económica, dos quais todos iriam beneficiar.

“A União Europeia concorre com a China e com os EUA, que orçamentaram 2 biliões [milhões de milhões] de dólares para reagir”, sublinhou Conte. “Se a nossa reacção não é coesa, vigorosa e coordenada, a Europa irá tornar-se cada vez menos competitiva no contexto do mercado global”, alertou.

De acordo com o primeiro-ministro italiano, os líderes da União Europeia precisam de explicar aos seus cidadãos que esta é uma situação de emergência que afecta todos e à qual nenhum país está imune.

“Todos os países foram afectados, toda a gente está na linha da frente. Se um posto avançado recua, o inimigo invisível pode espalhar-se e todos os nossos esforços terão sido em vão.”

Itália, que registou a primeira morte ligada ao coronavírus no final de Fevereiro, é o país mais afectado em número de óbitos, com 12.428 mortes em 105.792 casos. Há 15.729 pessoas consideradas curadas pelas autoridades italianas.