Coronavírus: alunos das escolas fechadas devem ficar em casa em “isolamento profiláctico”, avisa DGS

Graças Freitas: “Se [as escolas] fecharam teriam de ter dito aos alunos que deviam ficar em casa em isolamento profiláctico”

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Graça Freitas, directora-geral da Saúde, e Marta Temido, ministra da Saúde DR

O que devem fazer exactamente os alunos e funcionários das escolas que já estão encerradas? “Se algumas escolas fecharam foi para evitar o contacto social excessivo”, afirmou Graça Freitas, directora-geral da Saúde, na conferência de imprensa na quarta-feira à noite. “[Há escolas que] não deviam ter fechado sem falar com as autoridades de saúde, mas se fecharam teriam de ter dito aos alunos que deviam ficar em casa em isolamento profiláctico, explicando-lhes o que isso significa. Não é fecharem as escolas e os alunos irem para o centro comercial em frente à escola confraternizar.”

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O que devem fazer exactamente os alunos e funcionários das escolas que já estão encerradas? “Se algumas escolas fecharam foi para evitar o contacto social excessivo”, afirmou Graça Freitas, directora-geral da Saúde, na conferência de imprensa na quarta-feira à noite. “[Há escolas que] não deviam ter fechado sem falar com as autoridades de saúde, mas se fecharam teriam de ter dito aos alunos que deviam ficar em casa em isolamento profiláctico, explicando-lhes o que isso significa. Não é fecharem as escolas e os alunos irem para o centro comercial em frente à escola confraternizar.”

Relativamente às creches, Graça Freitas referiu que as recomendações “são as mesmas como para qualquer outro sítio” e “as normais” como em qualquer outra altura, como a higiene das mãos, das superfícies e dos utensílios. A directora-geral da Saúde acabou por dar o exemplo das suas netas de três anos que estão “num estabelecimento de ensino enorme”. Nessa escola, uma jovem de 17 anos ficou doente e o estabelecimento tomou a decisão de encerrar. “As minhas netas neste momento estão em quarentena em casa com uma mãe médica em casa”, revelou.

Graça Freitas salientou que devem ser levadas em conta as instruções das autoridades de saúde. “Se há um estabelecimento de ensino em que as diferentes idades estão compartimentadas, devia ser encerrada uma parte e sempre com o apoio das autoridades de saúde”, disse, acabando por apelar: “Medidas tomadas avulso podem não se justificar e só geram desconforto social e ansiedade nas pessoas. Além da epidemia que estamos a viver, não podemos ter uma epidemia maior causada pelo pânico.”

Também Marta Temido, ministra da Saúde, deixou o mesmo apelo na conferência de imprensa: “No contexto em que algumas actividades escolares são encerradas por determinação das autoridades de saúde e as pessoas são colocadas em isolamento, é evidente que devem ficar em isolamento. O que significa que as pessoas devem abster-se de praticar determinadas condutas que noutros momentos eram possíveis. O facto de haver estabelecimentos de ensino encerrados não significa férias escolares. Em ambiente de férias escolares podemos ir para a praia, ter com os amigos e viajar. Não é o contexto em que vivemos.”

Alarme social justifica fecho de escolas

Por enquanto, a DGS entende que o fecho das escolas deve ser decidido caso a caso, de acordo com o contexto de cada estabelecimento e da evolução da pandemia, afastando para já um encerramento generalizado.

Mas os presidentes das duas associações de directores defendem que o “alarme social” que a doença está a provocar nas comunidades educativas justifica o fecho das escolas. “Neste momento há dois tipos de pandemia”, ilustra o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira: “Há uma que é vírica e outra que é provocada pelo medo”. O cenário nas escolas é de “grande angústia e ansiedade” entre professores, pais e funcionários, confirma Filinto Lima, da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (Andaep). Os próprios alunos “já não rendem como é normal em função de toda esta situação”.

Referindo que ninguém questiona a validade científica da posição do Conselho Nacional de Saúde Pública (CNSP), que na quarta-feira afastou um cenário de encerramento generalizado dos estabelecimentos de ensino por causa do surto de covid-19, os directores dizem que esta decisão caiu “como um balde de água fria” nas escolas. 

A ANDE tinha sugerido, no início desta semana, que as férias de Páscoa fossem antecipadas em duas semanas, reorganizando o calendário escolar de modo a permitir o encerramento imediato das escolas. A medida tinha, por exemplo, o apoio da Confederação Nacional das Associações de Pais.