O “cholismo” fechou a porta ao Liverpool em Anfield Road

Com uma grande exibição de Jan Oblak e três golos no prolongamento, o Atlético de Madrid afastou os detentores da Liga dos Campeões. Sem público, o PSG eliminou o Borussia Dortmund, em Paris.

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Reuters/PHIL NOBLE

No dicionário de “futebolês”, “cholismo” é um estilo de jogo guerreiro, pouco atractivo, muitas vezes servido com uma boa dose de cinismo e com um rosto por detrás: Diego Simeone. Nesta quarta-feira, Anfield Road abriu as portas para se assistir a mais uma lição do técnico argentino. Contra o todo-poderoso Liverpool, que defendia o título da Liga dos Campeões e tinha vencido as 11 eliminatórias nas provas da UEFA que tinha disputado com Jürgen Klopp, o Atlético de Madrid resistiu até ao prolongamento graças a uma enorme exibição de Jan Oblak, mas, depois de os ingleses darem a volta à eliminatória, surgiu Marcos Llorente: com dois golos, o médio ex-Real Madrid colocou a eliminatória na mão dos espanhóis. Na última jogada, Morata completou a reviravolta em mais uma vitória histórica de Simeone.  

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No dicionário de “futebolês”, “cholismo” é um estilo de jogo guerreiro, pouco atractivo, muitas vezes servido com uma boa dose de cinismo e com um rosto por detrás: Diego Simeone. Nesta quarta-feira, Anfield Road abriu as portas para se assistir a mais uma lição do técnico argentino. Contra o todo-poderoso Liverpool, que defendia o título da Liga dos Campeões e tinha vencido as 11 eliminatórias nas provas da UEFA que tinha disputado com Jürgen Klopp, o Atlético de Madrid resistiu até ao prolongamento graças a uma enorme exibição de Jan Oblak, mas, depois de os ingleses darem a volta à eliminatória, surgiu Marcos Llorente: com dois golos, o médio ex-Real Madrid colocou a eliminatória na mão dos espanhóis. Na última jogada, Morata completou a reviravolta em mais uma vitória histórica de Simeone.  

À porta aberta e com um ambiente à altura de Anfield Road, o duelo entre Liverpool e Atlético foi o que se previa: uma batalha táctica entre dois treinadores de estilos opostos. Depois de garantir em Madrid uma vantagem de um golo, num jogo em que os “reds” ficaram cedo a perder (golo de Saul Ñíguez, aos 4’), acabando presos na teia dos “colchoneros”, que passaram de imediato a gerir a vantagem, Klopp avisou que ia ter pela frente “uma equipa que, provavelmente, é a melhor do mundo a defender”. 

E, sem surpresa, em Anfield o Atlético de Simeone foi fiel aos seus princípios. Sem tirar coelhos tácticos da cartola, o argentino atacou a defesa da vantagem com uma estratégia antiga, mas incómoda para qualquer oponente. Replicando o que fez a 3 de Maio de 2016 frente ao Bayern de Guardiola (teve sucesso), ou há um ano contra a Juventus de Allegri (foi derrotado por um hat-trick de Cristiano Ronaldo), jogando no campo do rival após vencer em Madrid, Simeone apostou num claro 4x4x2, com as linhas da defesa e do meio campo bem próximas, e dois jogadores na frente. E foi na dupla de ataque do Atlético que surgiu uma semi-surpresa: pela primeira vez desde 6 de Novembro, Diego Costa foi titular e fez dupla com João Félix. 

Sem a garantia de segurança dada por Alisson na baliza (Adrián, o substituto do brasileiro, voltou a não estar à altura), Klopp também não inovou. Com Henderson e Robertson de regresso, o alemão lançou Salah, Mané e Firmino no ataque à baliza de Oblak, mas logo aos 13 segundos teve um primeiro susto: bem assistido por Félix, Costa rematou ligeiramente ao lado.

A ameaça do Atlético foi apenas isso, uma ameaça. Tal como tinha acontecido em Madrid após o golo de Ñíguez, a partida rapidamente passou a ser um monólogo entre o ataque (dos ingleses) e a defesa (dos espanhóis), mas os primeiros cartuchos de Wijnaldum (5’), Oxlade-Chamberlain (14’), Mané (34’) e Firmino (36’) foram rebatidos por Oblak. Mas, no quinto tiro, o esloveno não teve hipóteses: Wijnaldum aproveitou uma (rara) fenda no muro “colchonero” e fez de cabeça o 1-0.

Na segunda parte, foi mais do mesmo. Com a bola a correr quase sempre nos pés dos jogadores do Liverpool, as oportunidades para os ingleses sucederam-se, mas a falta de pontaria dos “reds” e Oblak mantiveram o Atlético vivo na eliminatória, que acabou decidida no prolongamento.

E aí, o jogo entrou numa montanha-russa. Logo no quarto minuto, Firmino quebrou de cabeça a resistência de Oblak e colocou pela primeira vez o Liverpool na frente, mas quando parecia que para Klopp o mais difícil estava feito, Adrián ofereceu a bola a Félix, que a entregou a Llorente. Com um remate de fora da área e nova ajuda do conterrâneo que defende a baliza do Liverpool, o espanhol recolocou o Atlético na frente. 

A partir daí, os ingleses quebraram animicamente e, de forma cruel q.b., o Atlético banqueteou-se. Com mais um golo de Llorente (105’) e um outro de Morata (120’), o “cholismo” voltava a levar a melhor.

Na outra partida, foi tudo mais simples. Sem espectadores nas bancadas do Parque dos Príncipes devido ao surto de covid-19, o Paris Saint-Germain precisava de apenas um golo para se colocar na frente da eliminatória, depois de perder em Dortmund, por 2-1, e conseguiu de forma justa ultrapassar uma barreira que começava a tornar-se incómoda: nas últimas três épocas, os parisienses tinham sido sempre eliminados nos oitavos-de-final.

Contra um Borussia demasiado passivo, a equipa de Paris colocou-se na frente do marcador aos 28’ – Neymar aproveitou uma falha de marcação após um canto para marcar de cabeça – e, já no período de descontos da primeira parte, Sarabia cruzou após uma jogada rápida dos franceses e Bernat, com um bom remate, fez o 2-0 final.