Xanana Gusmão anuncia nova coligação para formar governo em Timor-Leste, deixa Fretilin de fora

Mari Alkatiri diz que objectivo da iniciativa do líder do CNRT é criar uma crise institucional para forçar a realização de eleições antecipadas.

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Xana Gusmão, nas eleições de 2018 Lirio Da Fonseca/REUTERS

O líder do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Xanana Gusmão, anunciou este sábado a formação de uma nova maioria parlamentar para ultrapassar o impasse causado pelo chumbo do Orçamento do Estado e apoiar um novo Governo em Timor-Leste. “Estamos prontos para avançar. Temos 34 cadeiras no Parlamento e nova maioria”, declarou Xanana Gusmão.

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O líder do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Xanana Gusmão, anunciou este sábado a formação de uma nova maioria parlamentar para ultrapassar o impasse causado pelo chumbo do Orçamento do Estado e apoiar um novo Governo em Timor-Leste. “Estamos prontos para avançar. Temos 34 cadeiras no Parlamento e nova maioria”, declarou Xanana Gusmão.

Além de contar com o apoio dos 21 deputados do CNRT, a nova aliança inclui ainda os cinco deputados do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan e cinco do Partido Democrático. Fazem ainda parte da nova coligação os três deputados dos partidos mais pequenos no Parlamento de 65 lugares: Partido Unidade e Desenvolvimento Democrático (um deputado), Frente Mudança (um) e União Democrática Timorense (um).

De fora só ficaram a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), o maior partido com assento parlamentar, e o Partido Libertação Popular (PLP), a força do actual primeiro-ministro, Taur Matan Ruak.

“Perante a situação de incerteza e indefinição políticas que estamos a enfrentar, fazemos saber ao nosso povo e à sociedade que estes seis partidos vieram aqui para confirmar publicamente que estão preparados para assumir a governação nos próximos anos”, reiterou Xanana Gusmão em conferência de imprensa, acompanhado dos dirigentes dos seis partidos políticos e do antigo Presidente timorense José Ramos-Horta.

A Fretilin não reagiu favoravelmente. “Esta coligação foi formatada para criar uma nova crise institucional para irmos para eleições antecipadas”, disse à Lusa o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri. As últimas eleições (antecipadas) foram em 2018, apensa um ano após as legislativas de 2017. Mas o Presidente Francisco Guterres dissolveu o Parlamento, que se encontrava bloqueado politicamente. A Fretilin, com uma maioria relativa, não conseguia legislar, devido ao bloqueio de Xanana Gusmão e seus aliados. Algo de semelhante continua a verificar-se. Por isso reage de forma tão céptica às declarações de Xanana Gusmão. “Estou a achar piada ao teatro que Xanana Gusmão organizou”, afirmou Alkatiri.

Xanana Gusmão recusou para já avançar pormenores sobre quando será apresentada a nova coligação ao Presidente, ou sobre a questão dos nomes de ministros indigitados, maioritariamente do CNRT, que o chefe de Estado não empossou após as eleições de 2018.

Sem Orçamento do Estado aprovado, Timor-Leste está a viver de duodécimos. O Governo timorense tinha admitido no início do mês solicitar ao Parlamento um levantamento excepcional do Fundo Petrolífero para financiar as contas públicas se a crise política se prolongar para além de Março.