Câmara do Porto aceita ideias de projectos para ex-biblioteca do Marquês

Actual cafetaria instalada na ex-biblioteca vai desaparecer para dar lugar a espaço cultural que deverá ter actividades “rotativas” e não recuperar modelo original. Por proposta de um cidadão, portuenses vão poder apresentar ideias.

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Biblioteca foi inaugurada em 1948. Em 2012 chegou a ser ocupada por cidadãos, mas só durante três dias Adelaide Carneiro

A Câmara do Porto já tinha anunciado ter para a ex-biblioteca do Marquês um projecto de “índole cultural”, depois de, em meados de Janeiro, mais uma hasta pública para instalar no local uma cafetaria ter fracassado e levantado suspeitas de ilegalidades. Foi para indagar sobre o futuro daquele espaço, inaugurado em 1948, que Manuel Leitão, empresário que em 2012 chegou a “vencer” uma hasta pública, mas nunca teve aval camarário para avançar com o seu projecto, foi à reunião de câmara do Porto desta segunda-feira. E saiu de lá com uma espécie de vitória.

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A Câmara do Porto já tinha anunciado ter para a ex-biblioteca do Marquês um projecto de “índole cultural”, depois de, em meados de Janeiro, mais uma hasta pública para instalar no local uma cafetaria ter fracassado e levantado suspeitas de ilegalidades. Foi para indagar sobre o futuro daquele espaço, inaugurado em 1948, que Manuel Leitão, empresário que em 2012 chegou a “vencer” uma hasta pública, mas nunca teve aval camarário para avançar com o seu projecto, foi à reunião de câmara do Porto desta segunda-feira. E saiu de lá com uma espécie de vitória.

Manuel Leitão fez um resumo da longa história do espaço, que chegou a ser ocupado por cidadãos em 2012, depois de ter estado desocupado por vários anos e quis saber se a discussão sobre o futuro da ex-biblioteca seria pública ou realizada “em gabinetes” e apresentada como “facto consumado”. Rui Moreira foi severo na crítica àquilo que tem acontecido naquele espaço. “Não sei se os serviços da polícia lá vão, mas eu fui ver e o que lá se passa não é nada que dignifique um espaço que também frequentei enquanto criança”, admitiu.

Depois da sessão de Janeiro ter decorrido de “forma anormal”, à semelhança do que havia acontecido antes, a câmara anulou a hasta pública e decidiu enviar as suas suspeitas ao Ministério Público. A licitação-base de 570 euros, o valor da renda actual, havia sido rapidamente ultrapassada em “mais de dez vezes”, deixando no ar a suspeita de combinação entre licitadores. Dois deles chutaram as ofertas para os milhares de euros – uma de 6500, outra de 7000 –, mas desistiriam no final, entregando a vitória a um outro que havia oferecido o terceiro valor mais alto: 750 euros. Já antes, em Novembro, o valor da renda tinha chegado aos 4500 euros, uma subida de quase 800%.

“Aquilo que se passou na última hasta foi demasiado grave para permitir a brincadeira que lá está a ser feita”, avocou o presidente da autarquia. “Disse que reservaríamos aquilo para um equipamento cultural. Estamos a estudar o assunto e disponíveis para ouvir propostas dos cidadãos.”

Embora a decisão não esteja fechada, Moreira adiantou que o executivo entende não fazer sentido voltar a instalar uma biblioteca infantil, como a criada por Pedro Ivo há mais de 70 anos. “Parece-me mais interessante ter um espaço que vá tendo uma actividade cultural rotativa. Ser um local mais vivido em termos culturais.”

Manuel Leitão ficou satisfeito com a possibilidade de poder apresentar ideias. Mas quis ir mais longe: “A câmara poderia publicitar que está disponível [para receber ideias]”, sugeriu, perante o aceno de Rui Moreira. “Podemos fazê-lo. A sua ideia é válida. Podemos incitar os cidadãos a fazer-nos propostas.”