Barcelona cai em Valência e Setién ainda não convence

Equipa catalã deixou a via aberta para o Real Madrid se isolar no topo da classificação depois de perder por 2-0 frente aos valencianos. Nas últimas seis partidas para o campeonato, o conjunto de Messi perdeu nove pontos.

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Messi não conseguiu ajudar a sua equipa a ser feliz em Valência. Reuters/ALBERT GEA

Quique Setién é um amante do futebol bonito. Como treinador, sempre disse que aquilo que lhe dá mais prazer é ver as suas equipas jogarem bem e não o resultado final em si. Apresentado como técnico principal do Barcelona no último dia 14, não escondeu a emoção pela oportunidade de juntar o melhor dos dois mundos: boas exibições e vitórias. Mas não é bem isso que está acontecer. Este sábado, em Valência, os catalães voltaram a ser uma sombra do seu potencial, acabaram derrotados por 2-0 e podem deixar fugir o Real Madrid no topo da classificação.

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Quique Setién é um amante do futebol bonito. Como treinador, sempre disse que aquilo que lhe dá mais prazer é ver as suas equipas jogarem bem e não o resultado final em si. Apresentado como técnico principal do Barcelona no último dia 14, não escondeu a emoção pela oportunidade de juntar o melhor dos dois mundos: boas exibições e vitórias. Mas não é bem isso que está acontecer. Este sábado, em Valência, os catalães voltaram a ser uma sombra do seu potencial, acabaram derrotados por 2-0 e podem deixar fugir o Real Madrid no topo da classificação.

“Quando vi o [Johan] Cruyff jogar no Barcelona, sei o que senti”, disse numa entrevista ao jornal espanhol El País, há precisamente dois anos, quando ocupava o banco do Betis. Apaixonou-se pelo estilo de jogo da estrela holandesa e companheiros, baseado no toque e na posse de bola que confundia o adversário pela sua imprevisível mobilidade, beleza e qualidade técnica.

Um futebol que se tornaria na imagem de marca do Barcelona e que terá atingido o seu expoente máximo no mandato de Pep Guardiola (treinador entre 2008 e 2012), numa equipa onde crescia um jovem Lionel Messi, mas também artistas como Xavi e Iniesta.

Mas talento, beleza e imprevisibilidade foi algo que não se viu no Barcelona que subiu ao relvado no Mestalla. Houve muito toque, circulação de bola, mas pouca objectividade atacante numa equipa catalã que teima em não convencer. Nos últimos seis encontros para a Liga espanhola, os bicampeões espanhóis perderam nove pontos em 18 possíveis: uma vitória, uma derrota e três empates.

Autogolo iniciou o descalabro

Um cenário que extravasa o ainda curto mandato de Setién, que se resume a três jogos – os dois anteriores resultaram num triunfo magro na recepção ao Granada para a Liga (1-0) e outro na Taça do Rei frente ao modesto Ibiza-Eivissa (2-1) -, e que já ditara a saída do seu antecessor Ernesto Valverde.

A derrota dos catalães em Valência começou com um autogolo de Jordi Alba, logo a abrir o segundo tempo (48’) e teve a sua confirmação aos 77’, com o segundo golo da equipa da casa, apontado por Maxi Gomez.

Setién não gostou, mas procurou justificar o desaire. “Não foi um problema de atitude da equipa. Estiveram comprometidos. Não estivemos bem posicionados dentro de campo e não entendemos algumas das coisas que tínhamos planeado fazer antes da partida”, explicou. “Fizemos uma quantidade de passes sem sentido, só por termos a posse de bola. Faltou-nos profundidade e capacidade para fazer danos”, reforçou, concluindo que há ainda muito a corrigir para o Barcelona se reencontrar com os seus pergaminhos.

Nascido em Santander, há 61 anos, Quique Setién iniciou uma carreira modesta de futebolista profissional, como médio, no Racing da sua cidade natal. Por ali ficou entre 1977 e 1985, antes das suas qualidades chamarem a atenção do Atlético de Madrid. Não foi feliz na capital espanhola e na temporada de 1988-89 seguiu para o Logroñés, antes de regressar ao Racing em 1992-93. Abandonaria os relvados em 1995-96 numa passagem efémera pelo Levante.

Já o seu percurso como treinador começaria no século XXI, também ao serviço do Racing Santander (2001-02). Após uma passagem pela selecção da Guiné Equatorial, voltou a Espanha pela mão do Logroñés, antes de seis temporadas no Lugo e duas no Las Palmas. No Verão de 2017 assumiria o seu maior desafio, no banco técnico do Betis, antes de chegar ao Barcelona.

Para já, o futebol bonito que pautou a sua passagem pela equipa andaluza ainda está longe de ser uma realidade na Catalunha. Aqui a exigência é incomparavelmente maior. Tanto ao nível estético como em resultados e, acima de tudo, títulos. E títulos é coisa que Setién ainda não conquistou como treinador.

Na demanda pelo tricampeonato, o Barcelona continua empatado no topo da classificação com o Real Madrid. Mas a equipa de Zidane só joga este domingo, em Valladolid, e tem via aberta para se isolar no comando da prova.