Trump aproveita Davos para vender “sucesso” económico dos EUA

Discurso do presidente norte-americano passou ao lado de temas como o aquecimento global ou o julgamento a que Trump está neste momento a ser sujeito no Senado.

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Com o julgamento para a sua destituição a decorrer no Senado, Donald Trump esteve esta terça-feira em Davos para, na conferência que reúne alguns dos principais líderes empresariais e políticos do mundo, vender os Estados Unidos como o melhor destino possível para o investimento, não poupando nos elogios à sua própria política económica e criticando a estratégia seguida pela Reserva Federal. As alterações climáticas e o seu julgamento no Senado não foram referidos.

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Com o julgamento para a sua destituição a decorrer no Senado, Donald Trump esteve esta terça-feira em Davos para, na conferência que reúne alguns dos principais líderes empresariais e políticos do mundo, vender os Estados Unidos como o melhor destino possível para o investimento, não poupando nos elogios à sua própria política económica e criticando a estratégia seguida pela Reserva Federal. As alterações climáticas e o seu julgamento no Senado não foram referidos.

“Para todos os negócios à procura de um lugar para ter sucesso… não há melhor lugar que os Estados Unidos”, afirmou o presidente norte-americano, que fez da tentativa de convencer mais empresas a investirem no seu país o tema central do seu discurso. Como se previa, um estilo bem diferente do de outros chefes de Estado, que usam a plateia de Davos para exporem a posição do seu país em relação aos grandes temas mundiais do momento.

Donald Trump defendeu que os EUA, com a sua administração, tiveram “um sucesso que ninguém conseguia imaginar”, estando neste momento, “melhor do que nunca”. O sonho americano está de volta, disse, “maior, melhor e mais forte”, garantindo que os benefícios do crescimento económico registado estavam a ir para os trabalhadores de mais baixos rendimentos. E isto apesar do que disse ser a política monetária errada seguida no país. “A Reserva Federal aumentou as taxas de juro muito rapidamente e baixou-as de forma demasiado lenta, afirmou.

Esta descrição de sucesso económico feita por Trump está longe de ser consensual. Também em Davos, o prémio Nobel Joseph Stiglitz foi rápido a contrariar o presidente norte-americano: “As análises revelam que Trump normalmente diz cinco ou seis mentiras por dia. Hoje excedeu claramente esses números”.

Embora o Fórum de Davos deste ano tenha como um dos seus principais temas as alterações climáticas, Donald Trump praticamente não fez qualquer referência ao problema. Com a activista Greta Thunberg na audiência (a sua intervenção seria feita cerca de uma hora depois), o presidente norte-americano limitou-se a dizer que era “um grande apoiante do ambiente” e que queria “o ar mais limpo e a água mais limpa”, classificando os activistas que alertam para os perigos das alterações climáticas de “herdeiros dos videntes insensatos do passado” e de “profetas do apocalipse”.

Donald Trump aproveitou a visita a Davos para encontros bilateriais com líderes europeus, como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. À entrada para a reunião disse querer assinar um “grande acordo comercial” com a UE. No dia anterior esteve com o presidente francês Emmanuel Macron. Um dos principais temas discutidos foi a intenção francesa de aplicar um imposto especial sobre as grandes empresas digitais, como a Google ou o Facebook, algo a que os EUA responderam com a ameaça de aplicação de taxas alfandegárias extremamente elevadas sobre as importações provenientes da França. Macron escreveu na sua conta de Twitter a seguir ao encontro que tinha confiança que seria alcançado “um bom acordo para evitar a escalada das taxas”, ao que Donald Trump respondeu com “excelente!”