Ivanka Trump na CES gerou críticas, mas não o boicote que alguns pediam

Organização do evento foi criticada pela escolha e por não ter mais mulheres no palco principal.

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Gary Saphiro e Ivanka Trump no palco principal da CES Reuters/STEVE MARCUS

Há poucas semanas, o anúncio de que Ivanka Trump, filha e conselheira do Presidente dos EUA, teria uma intervenção no palco principal da Consumer Electronics Show, em Las Vegas, gerou críticas imediatas. Mas a intervenção de Trump na feira de tecnologia decorreu sem sobressaltos e sem o boicote ao evento que muitos pediram nas redes sociais.

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Há poucas semanas, o anúncio de que Ivanka Trump, filha e conselheira do Presidente dos EUA, teria uma intervenção no palco principal da Consumer Electronics Show, em Las Vegas, gerou críticas imediatas. Mas a intervenção de Trump na feira de tecnologia decorreu sem sobressaltos e sem o boicote ao evento que muitos pediram nas redes sociais.

Ivanka Trump foi entrevistada no palco pelo responsável máximo da CES, Gary Saphiro. Falou sobretudo sobre as competências necessárias no mercado de trabalho de uma economia digital. “Não é apenas uma questão de preparação para os empregos do futuro. As pessoas precisam de pensar em como investir nas actuais forças de trabalho para poderem capacitar essas pessoas a fazerem o mesmo trabalho usando equipamentos diferentes amanhã”, observou Trump.

A conselheira da Casa Branca também argumentou que seria útil que as pessoas pudessem ter os respectivos certificados de ensino e de formação num base de dados e acessíveis online. “Porque é que não podemos ter o diploma do ensino secundário verificado e no telemóvel, para que um empregador não tenha de ligar para a escola?”, questionou Trump, referindo-se a uma medida que já tinha sido descrita num documento de trabalho da Casa Branca.

A presença de Ivanka Trump no palco principal motivou críticas assim que foi comunicada. Utilizadores nas redes sociais argumentaram que a filha de Donald Trump não tinha conhecimentos na área da tecnologia ou da electrónica de consumo e que não tinha a experiência necessária para estar num palco por onde já passaram ao longo dos anos muitos empreendedores e gestores de grandes tecnológicas.

A escolha deu azo a um apelo no Twitter a um boicote ao evento, com a hashtag #boycottCES. Mas não há sinais de que a decisão da organização tenha tido um impacto no número de pessoas a ir este ano a Las Vegas, onde são esperados cerca de 170 mil visitantes ao longo da semana.

A intervenção em palco também decorreu sem sobressaltos e Ivanka Trump conseguiu mesmo alguns aplausos da plateia – por exemplo, quando defendeu uma licença de parentalidade paga para os funcionários públicos dos EUA.

A filha de Donald Trump foi a única mulher no palco principal, o que reacendeu as críticas de sexismo que têm vindo a ser feitas à organização da CES, um evento que durante muitas edições tinha o hábito de ter mulheres pouco vestidas nos stands das empresas, como forma de atrair a atenção de uma audiência maioritariamente masculina – uma prática entretanto abandonada.

A organização da CES diz que tem feito esforços para aumentar a diversidade dos oradores no evento e tem argumentado que a diversidade não é apenas uma questão de pôr mais mulheres em palco.

No ano passado, o evento foi também criticado por ter entregue e depois retirado um prémio a um brinquedo sexual (que tinha sido criado por uma mulher). Na sequência da controvérsia, o prémio foi reentregue e a organização decidiu este ano, pela primeira vez, acolher startups focadas neste tipo de produto.